Novos documentos tornados públicos pelo parlamento britânico mostram como o Facebook trabalha em cima das informações que dispõe dos milhões de utilizadores. São 250 páginas de documentos internos da empresa que incluem e-mails de Mark Zuckerberg em que este diz que deveriam cobrar aos programadores de aplicações que usam os seus dados.
A Comissão de Digital, Cultura Media e Desporto, da Câmara dos Comuns (o parlamento do Reino Unido), revelou publicamente os ficheiros numa altura em que está a decorrer uma investigação ao Facebook. Damian Collins, líder da comissão, diz que há alguns pontos que devem ser tidos em conta depois daquelas páginas serem lidas. Collins refere que a empresa da maior rede social mundial tem uma lista de empresas a quem dá “acesso total” aos dados dos ‘amigos’ dos utilizadores, mesmo depois do Facebook ter anunciado que deixou de o fazer em 2015.
Collins também alerta para o facto de a empresa de Zuckerberg discutir regularmente o valor dos dados que tem. “A ideia de relacionar o valor do acesso a dados de ‘amigos’ ao valor financeiro que os criadores de aplicações podem ter com o Facebook é recorrente nos documentos”, explica o parlamentar. Acrescenta, também, que estes arquivos mostram que a rede social sabia ser controversa uma atualização da sua aplicação para o sistema Android que permitiria recolher informação sobre as chamadas telefónicas dos utilizadores e tentou escondê-lo da melhor forma possível. “Para atenuar qualquer má publicidade, eles planearam que fosse o mais difícil possível para os utilizadores saberem que essa atualização tinha esta característica”.
A comissão acusa, também, o Facebook de usar a aplicação estatística Onavo para “fazer pesquisas mundiais sobre o uso de aplicações pelos clientes e, aparentemente, sem que estes saibam”.
As 250 páginas foram fornecidas ao parlamento pelo criador de aplicações Six4Three que tem um diferendo em tribunal com o Facebook relacionado com as políticas de privacidade impostas pela rede em 2015 e que levou ao encerramento da app Pikinis – permitia que os utilizadores encontrassem fotos de pessoas em fato de banho através da lista de ‘amigos’ dos ‘amigos’.
Mark Zuckerberg já se pronunciou sobre este documentos agora revelados. Diz que foram descontextualizados e garante que “os factos são claros: nunca vendemos dados sobre os nossos utilizadores”.