Depois de a primeira temporada de Falta de Chá ter tido um milhão de visualizações na Internet e, mais tarde, em março deste ano, ter sido transmitida na SIC Radical, a ambição de Guilherme Duarte e Ricardo Cardoso continua em crescendo. Pensada como uma série de sketches de comédia para a realidade da Internet, para fazerem Falta de Chá, a dupla de humoristas não teve grandes preocupações. “Há uma maior liberdade criativa, o que permite-nos fazer o que quisermos, mas também dá-nos mais responsabilidade”, explica Guilherme Duarte, autor do blogue Por Falar Noutra Coisa, com mais de 320 mil seguidores.
Para esta segunda temporada com 80 sketches, espalhados por uma dezena de episódios, com cerca de 12 a 15 minutos, foram buscar algumas personagens dos primeiros episódios como os “Betos Queixinhas”, por exemplo, que a brincar, Guilherme diz “não terem a noção de que vivem num mundo à parte”. Já os temas abordados serão totalmente diferentes como tourada, veganismo, feminismo, rendas altas, eutanásia, legalização de drogas leves, religião ou exploração no local de trabalho. A estes juntam-se outros temas “sobre coisa nenhuma”, tipo o arrumador de carros que afinal é instrutor de ioga. “Por vezes pensamos, será que tem piada ou é só parvo?”, conta Guilherme. Como andaram os últimos dois anos a gravar os sketches, com a produtora Até Que Enfim, não conseguem aproveitar muita da polémica dos temas da atualidade.
Os dois rapazes conheceram-se há cerca de três anos e meio durante um workshop de escrita de humor. Depois do curso, Ricardo convidou Guilherme para fazer “uma coisa diferente para a Internet, com princípio, meio e fim.” E como ambos têm em comum referências como o programa Herman Enciclopédia, os sketches do Gato Fedorento ou da Porta dos Fundos, a stand-up comedy de Dave Chappelle ou de Bruno Nogueira, não foi difícil unir esforços. Guilherme descreve o seu humor como “mais javardo, estico mais a corda tocando em temas mais sensíveis”. Já Ricardo tem mais jeito para o non-sense e humor de observação. Enquanto Guilherme foca-se mais na escrita, Ricardo é mais gráfico e visual, tornando-se complementares.
Sobre passar Falta de Chá para um palco, com um espetáculo ao vivo, Guilherme não descarta a possibilidade, “talvez só no fim da segunda temporada”. “Não somos atores, ainda nos desmanchamos muito a rir.”