Foi em julho, na Universidade de Friburgo, na Alemanha, que Karin Michels, professora da Universidade norte-americana de Harvard, proferiu, numa palestra intitulada “Óleo de Coco e Outros Erros Nutricionais”, as declarações que tanto têm dado que falar nos últimos dias: O óleo de coco “é puro veneno” por ser rico em gordura saturada e, por isso, ameaçar a saúde cardiovascular e os benefícios tão apregoados são “um absoluto disparate”.
O vídeo da palestra no YouTube já tem mais de um milhão de visualizações e tem merecido destaque nos meios de comunicação, precisamente por ir contra o que é, atualmente, a convicção da maioria dos consumidores: a de que o óleo de codo é saudável.
Mas Karin Michels não está sozinha. “Há muitas alegações sobre o óleo de coco ser maravilhoso para muitas coisas diferentes, mas, na verdade, não temos qualquer prova de benefícios para a saúde a longo prazo”, explica Walter C. Willett, professor de epidemiologia e nutrição na Escola de Saúde Pública de Harvard, onde Michels também trabalha. À CNN, em declarações ainda antes desta polémica, o especialista colocou o óleo de coco “algures no meio da escala em termos de tipos de gordura”. “Provavelmente, é melhor que os óleos parcialmente hidrogenados, ricos em gorduras trans, mas tão tão bom como óleos vegetais não saturados que têm benefícios provados, como o azeite e o óleo de canola.”
O ano passado, a American Heart Association já tinha alertado para os malefícios decorrentes do consumo exagerado de óleo de coco para a saúde cardiovascular.
“O óleo de coco é 86% de gordura saturada e tem cerca de um terço mais gordura saturada que a manteiga”,
Mas apesar de o óleo de coco ser visto pela comunidade científica como uma gordura que não entra na categoria dos claramente saudáveis, a opinião pública tem uma convicção contrária, alimentada em grande parte pela publicidade e pela opinião de celebridades que apregoam o seu consumo, como a atriz Gwyneth Paltrow.
“O óleo de coco é 86% de gordura saturada e cerca de um terço mais gordura saturada que a manteiga”, resume Victoria Taylor, British Heart Foundation, citada pelo britânico The Guardian.
“Tem havido especulação de que alguma da gordura saturada no óleo de coco pode ser melhor do que outras gorduras saturadas, mas, até agora, não há investigação de qualidade para nos dar uma resposta definitiva”, concluiu.
Na ausência de estudos conclusivos sobre o tema, os especialistas são cuidadosos nas palavras: “provalmente não é tão mau” como a manteiga”, mas “não tão bom como azeite extra virgem”, acredita também Kevin Klatt, investigador em nutrição molecular da Universidade de Cornell.
Extraído da polpa do coco, o óleo, graças à tal gordura saturada, aumenta o “mau colesterol” (LHD). No entanto, sabe-se também que aumenta o “bom colesterol” (HDL). O porquê não é claro, mas julga-se que tenha a ver com uma quantidade mais elevada do que na maioria dos alimentos de um ácido gordo, o ácido láurico. E, para complicar ainda mais a equação, também não há uma conclusão definitiva sobre o papel de um HDL alto na saúde. Há muitas formas de HLD e estas muitas formas têm consequências diferentes na saúde, o que “torna as águas turvas”, resume Willet.
Pelo sim, pelo não, o melhor é reservar um lugar moderado para o óleo de coco na alimentação.