O hipocampo, localizado nos lobos temporais, é responsável pelo armazenamento da memória e a sua transformação do curto para o longo prazo. É ainda um importante constituinte do sistema límbico, que regula as emoções. Era crença generalizada no seio da comunidade científica que o hipocampo criava novos neurónios (células cerebrais) durante a vida adulta, embora sem consenso quanto à – alguns investigadores acreditam que centenas de células cerebrais são criadas todos os dias, outros argumentam que são muito poucas aquelas que são criadas depois da infância.
O processo da neurogénese é “fascinante”, considera Arturo Alvarez-Buylla, principal autor deste novo estudo e professor de Neurocirurgia na Universidade da Califórnia: “Requer o nascimento da célula, a sua migração para o lugar correto – tarefa complicada devido à estrutura muito densa do cérebro – depois, a célula tem de criar espaço para crescer e para poder ligar-se com as outras e assim poder contribuir de uma maneira funcional para esse circuito.”
As células cerebrais são criadas a partir das células estaminais e os neurónios recém-nascidos são importantes pelas propriedades que os diferenciam dos neurónios já maturados, destacando-se pela capacidade de formação de novas ligações.
Para este estudo, foram recolhidas células estaminais e neurónios jovens a partir de 59 amostras de tecido humano (desde o estado fetal até à idade adulta), post-mortem e pós-operatório, extraído do hipocampo.
Nas amostras fetais com 14 semanas de gestação foram observados fluxos intensos de células estaminais e neurónios imaturos em migração para uma região em desenvolvimento dentro do hipocampo, o giro dentado.
À medida que a idade das amostras avançava, os investigadores observaram um decréscimo significativo no fluxo migratório destas células, sendo que o tecido cerebral com 13 anos foi o último a apresentar registo de quaisquer neurónios imaturos.