Mais de um quarto da superfície terrestre pode ficar significativamente mais seca se as temperaturas globais subirem 2ºC acima dos níveis pré-industriais, prevê a ciência.
O estudo de várias universidades e publicado na revista científica Nature Climate Change sugere que muitas regiões podem vir a ficar crescentemente mais secas e suscetíveis a incêndios.
Limitar as subidas de temperatura para um máximo de 1,5ºC poderia evitar tais mudanças extremas em dois terços das áreas afetadas, refere o estudo.
“A desertificação é uma ameaça séria, pois pode impactar áreas como a agricultura, a qualidade da água e a biodiversidade de forma critica”, alerta Chang-Eui Park, coautor do estudo e cientista da Southern University of Science and Technology (SUSTECH), na China.
Os cientistas estudaram as previsões de 27 modelos climáticos globais já existentes e conseguiram identificar as regiões que mais seriam afetadas pelas mudanças climáticas bruscas.
“A nossa pesquisa prevê que a desertificação surgiria em cerca de 20-30% da superfície terrestre, no momento em que o aumento médio global da temperatura atingisse os 2ºC”, comenta Manoj Joshi da University of East Anglia (UEA), coautor do estudo.
“Mas dois terços das regiões afetadas podem evitar uma desertificação acentuada se o aquecimento for limitado para 1,5ºC”, acrescenta.
Tim Osborn, professor da UEA, adianta que “as áreas do mundo que mais beneficiariam em manter a subida de temperatura abaixo dos 1,5ºC são partes do sudoeste da Ásia, o sul da Europa, a Africa do Sul, a América Central e o sul da Austrália – onde mais de 20% da população mundial vive atualmente”.
Mas como impor este limite? Su-Jong Jeong, investigador da SUSTECH e coautor do estudo acredita que é crítico “reduzir as emissões de gases de efeito de estufa para a atmosfera”, embora a temperatura global esteja já 1ºC acima dos níveis pré-industriais.
O estudo faz ainda referencia às várias zonas do mundo que, desde o século XX, se tem vindo a tornar mais secas, transformando-se progressivamente em desertos à medida que o mundo aquece. Delas fazem parte vários países mediterrâneos, a Africa do Sul, e a costa Este da Austrália.