As plantas de cacau podem dar-se como extintas a partir de 2050, devido ao aumento das temperaturas e ao tempo mais seco característico do aquecimento global.
Um grupo de investigadores da Universidade da Califórnia Berkeley (UCB), juntou-se à marca de chocolates Mars para tentar encontrar formas de evitar esta possível extinção e chegou a uma solução: Através de alterações genéticas às sementes da planta, que lhes permita sobreviver ao tempo quente e seco.
Para isto, a equipa de cientistas planeia usar a tecnologia CRISPR – do inglês Clustered RegularlyInterspaced Short Palindromic Repeats – que permite fazer alterações específicas e precisas ao ADN de organismos vivos – incluindo seres humanos.
Esta tecnologia já é usada em várias plantações, de forma a torná-las mais resistentes ao ambiente e a parasitas e mais baratas de comercializar.
As plantas de cacau só conseguem nascer a sensivelmente 20 graus a norte e a sul do equador, onde a temperatura, a chuva e a humidade se mantém mais ou menos constantes ao longo do ano. As duas principais fontes de cacau da industria chocolateira residem na Costa do Marfim e no Gana.
Contudo, os cientistas estimam que essa área não seja viável para a plantação de cacau nas próximasdécadas, e que a mesma tenha de ser deslocada para as montanhas, onde a maior parte do território é reservada para a preservação da vida selvagem.
Jennifer Doudna, a geneticista da UCB que inventou o CRISPR, acredita que a sua tecnologia pode ter um importante impacto na indústria alimentar, embora tenha sido mais reconhecida pelo seu potencial de erradicar doenças e de produzir bebés humanos geneticamente modificados ao gosto dos pais – os muito controversos “designer babies”.
Doudna acredita que a sua tecnologia pode beneficiar tanto grandes empresas como agricultores amadores. A própria geneticista planta tomates como hobby e afirma que “pessoalmente, adorava ter um tomateiro com frutos que durassem mais tempo”.
Apesar de ainda não haver resultados na investigação, os cientistas acreditam que o CRISPR é a primeira de muitas medidas a desenvolver para a conservação de plantas e alimentos que, tal como o cacau, se possam vir a extinguir.