Investigadores americanos da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos da América, identificaram sete fatores, alguns já conhecidos, responsáveis pela doença bipolar. Ao fim de 12 anos a estudarem os mecanismos desta complexa patologia do foro psicológico, caracterizada por desequilíbrios de humor que levam a estados depressivos e eufóricos extremos, concluíram que “a combinação dos vários elementos afeta a forma como os pacientes sentem a doença”, referindo-se não apenas à diversidade de fatores, tanto biológicos como externos, que desencadeiam os sintomas, mas também à intensidade com que se manifestam. “Há muitos caminhos para esta doença, e muitos caminhos através dela”, nota Melvin McInnis, à frente da equipa de investigação.
Divulgadas este mês no International Journal of Epidemiology, uma publicação científica, as conclusões inserem-se num estudo a longo prazo, iniciado em 2005, que envolve mais de mil pessoas – mais de 700 doentes bipolares e as restantes sem a patologia. O projeto tem por objetivo principal compreender os mecanismos da doença e estabelecer padrões que permitam antecipar as consequências em cada paciente, de modo a proporcionar uma resposta clínica mais célere e eficaz.
Segundo a pesquisa, todas as pessoas que sofrem de distúrbio bipolar apresentam desvios/perturbações em pelo menos um dos sete fatores que o desencadeiam, os chamados fenótipos. A saber: cognição, personalidade e temperamento, abuso de álcool ou drogas, traumas ou outros acontecimentos marcantes da vida familiar e/ou íntima, hábitos de sono, alterações na sintomatologia e na resposta à medicação ao longo do tempo.
Já as possíveis causas genéticas da doença são desvalorizadas. “Se existisse um gene com forte influência tê-lo-iamos encontrado”, garante Melvin McInnis, cuja equipa chegou a várias outras conclusões, como estas: a enxaqueca crónica é três vezes e meia mais frequente em bipolares do que em pessoas sem a doença; há um historial de traumas de infância mais presente em quem sofre desta patologia; dormir mal é associado a depressões e episódios de euforia severos em pacientes do sexo feminino.