
Em homenagem às “Silence Breakers”, as que quebraram o silêncio, a revista Time pôs na capa Ashley Judd, Taylor Swift, Susan Fowler, Adama Iwu, e Isabel Pascual (esta com o nome alterado para proteger a sua identidade) que, com as suas histórias de assédio sexual, fizeram com que milhares de outras pessoas partilhassem histórias semelhantes, num movimento coletivo espontâneo de denúncia e partilha com a designação #MeToo (#EuTambém”).
Mas há mais alguém na capa. Olhe outra vez. No canto inferior direito há um cotovelo, símbolo, explicou quarta-feira o editor Edward Felsenthal, de todas as mulheres e homens que ainda não denunciaram os casos de assédio de que foram vítimas e que podem ter receio das repercussões que isso teria nas suas vidas.
“A imagem que se vê parcialmente na capa é de uma mulher com quem falámos, uma funcionária de um hospital do centro do país, que não sente que pode falar sem ameaçar a sua forma de subsistência”, disse Felsenthal no Programa Today, da NBC, sublinhando que o cotovelo sem rosto simboliza todas as vozes anónimas.
O escândalo envolvendo várias figuras proeminentes de Hollywood começou com o produtor norte-americano Harvey Weinstein, acusado de assédio e abuso sexual por mais de oitenta mulheres, entre as quais várias estrelas como Gwyneth Paltrow, Ashley Judd e Angelina Jolie.
Depois destas denúncias, através de investigações pelo jornal The New York Times e a revista The New Yorker, e que levaram Harvey Weinstein a ser despedido da empresa que cofundou e à sua expulsão de várias associações e organizações, nomeadamente da Academia de Hollywood, outros casos foram surgindo.
Entre os acusados de assédio e abusos sexuais, mas também de má-conduta sexual, estão atores como Kevin Spacey e Dustin Hoffman, o ex-presidente da Amazon Studios Roy Price, os realizadores Brett Ratner e James Toback, os jornalistas Charlie Rose, Glenn Thrush e Matt Lauer, o fotógrafo Terry Richardson e o comediante norte-americano Louis C.K..
No Reino Unido, o deputado Kelvin Hopkins, do Partido Trabalhista, foi suspenso por alegado assédio sexual, o ministro da Defesa, Michael Fallon, demitiu-se por comportamento impróprio com uma jornalista, e outros dois ministros foram acusados de assédio.
No início desta semana, a Ópera Metropolitana de Nova Iorque suspendeu toda a colaboração com o maestro James Levine, alvo de denúncias de agressões sexuais.
Roy Moore, o candidato republicano a senador pelo Estado do Alabama, nos EUA, foi denunciado por assédio sexual de menores, mas mantém a candidatura, com apoio público do presidente Donald Trump, embora o Partido Republicano já tenha pedido a sua renúncia às eleições de 12 de dezembro.