Não foi a primeira. Nem foi a segunda. Só este ano foram 38 as vezes que a PSP recebeu queixas de clientes da discoteca K Urban Beach, em Lisboa. A noite de Halloween, a 31 de outubro, fica para o historial negro que o clube já leva. Um vídeo posto a circular nas redes sociais em que se vêm seguranças da discoteca (da empresa privada PSG) a espancar violentamente um jovem e, depois, o amigo que o tenta ajudar a levantar, foi a gota de água. Ontem, no dia em que as imagens foram divulgadas, o Ministério da Administração Interna, com parecer favorável da Câmara Municipal de Lisboa, mandou encerrar o Urban Beach. Às 4 e 30 da madrugada as portas foram fechadas.
A lista de acontecimentos violentos no interior e exterior do clube têm tido sempre um mesmo ingrediente: os seguranças. Um cliente britânico agredido partilhou a sua má experiência num texto que intitulou de “Os cães raivosos de Lisboa”, referindo-se aos seguranças.
Os relatos têm-se sucedido ao longo do tempo nos jornais. Em agosto, uma cena de pancadaria entre um grupo de jovens e 10 seguranças, durante uma festa de despedida de solteiro, levou sete pessoas ao hospital. Nesse mesmo mês, uns dias antes, um rapaz queixa-se de “ter levado murros e pontapés no rosto e nas costelas”, depois de um desentendimento entre os amigos que estavam com ele e o porteiro (que terá pedido €250 à entrada, mas só ao rapaz que é afro-americano), relatou ao Observador. Aliás, um dos antigos porteiros revelou, no mesmo artigo, que no Urban “pretos é difícil entrarem. Ciganos não entram de todo”. A gerência rejeitou a acusação e disse que a seleção é feita “pela aparência”.
A medida cautelar tomada agora pelo MAI tem o prazo de seis meses durante o qual “o proprietário do estabelecimento deve adotar as medidas necessárias ao regular funcionamento do mesmo que vierem a ser determinadas pelo Comando Metropolitano de Lisboa da PSP no que respeita às condições de segurança”, diz a nota enviada à comunicação social.
Além disso, o MAI determinou que a PSP faça “uma ação de fiscalização da atividade da empresa de segurança privada PSG”.
O administrador da discoteca, Paulo Dâmaso, lamentou o fecho da discoteca. Em declarações à Lusa referiu: “Costuma dizer-se que a justiça mais vale ser feita na praça pública e desta vez resultou. Toda a pressão mediática levou a isto.” Em comunicado na página do facebbok, a Urban Beach diz estar disponível para colaborar nas investigações e refere que vai acionar “todos os mecanismos legais contra os responsáveis pela ocorrência” tendo pedido à empresa PSG que suspenda de imediato os seguranças envolvidos no caso.
Um outro caso, passado há quatro anos, à porta da Urban Beach foi notícia. Em 2013, João Medeiros, conhecido por Zuki, saiu da discoteca sozinho e nunca mais foi visto. A história do estudante foi contada na VISÃO aqui.
A Urban Beach é uma das oito casas do Grupo K em Lisboa e no Porto e abriu em 2009.