Portugal é dos melhores países para se crescer e ser criança. São dados de um relatório – o primeiro de uma série anual – da organização não-governamental Save the Children. Nas dez primeiras classificações, onde a Europa assume a grande maioria, o território português surge em sexto lugar (em 172), à frente de países como a Alemanha e Bélgica. Já o continente africano ocupa os dez piores lugares do ranking.
A organização Save the Children tem como missão ajudar crianças que estão a passar por situações de pobreza e discriminação, defendendo que a infância é um período que deve assentar sobre os princípios de crescimento, aprendizagem e brincadeira.
O relatório avaliou oito parâmetros, com o mesmo grau de importância: mortalidade antes dos 5 anos, nível de desnutrição, falta de acesso à escola, mão de obra infantil, casamento precoce, gravidez na adolescência, deslocamento por conflito e homicídio infantil.
EUA protagonizam surpresa
A classificação de alguns países despertou algumas reações, nomeadamente a dos Estados Unidos, que ocupou o 36º lugar, entre a Bósnia e a Rússia. Richard Bland, diretor nacional de políticas, advocacia e desenvolvimento da Save the Children assume que os EUA “estão a ficar para trás de países que sofreram crises económicas bastante graves, como a Grécia e a Irlanda, e ainda assim, uma série desses países priorizou a infância, garantindo o acesso a programas comprovados”.
O continente africano, onde estão localizados os dez países onde as dificuldades para o crescimento e desenvolvimento das crianças são mais acentuadas, é particularmente afetado por problemas como a fome e o deslocamento. No Níger – país que representa o último lugar da lista – 43% das crianças apresentam níveis de desnutrição elevados, o que afeta o que seria um desenvolvimento normal.
A Síria possui a maior percentagem de população deslocada por conflito, com cerca de 65% da população. Em 2015, mais de 200 milhões de crianças não frequentavam a escola e cerca de 168 milhões eram submetidas a trabalho infantil.
A América Latina e as Caraíbas representam os países com maiores taxas de homicídio infantil. As causas, segundo o relatório, estão na violência provocada pelo tráfico de droga e pelos gangues. Mas Bland ressalta um aspecto positivo: desde 1990, os níveis de mortalidade infantil reduziram para metade.