Em pleno 2017, não esperava ler um texto sobre estereotipos masculinos, pois não? Mas, notanto que é raro ver uma mulher com os pés em cima da mesa ou duas amigas a cumprimentarem-se com palmadas vigorosas nas costas – elas podiam, claro, mas o que é certo é que não o fazem – o El País quis perceber o que significam estes hábitos curiosos “absurdamente” masculinos.
Abraços com fortes palmadas nas costas
É uma forma de “demonstrar força, carinho, que gostas muito da outra pessoa, que és seu amigo, mas que és demasiado “macho” para o expressar de uma forma mais delicada”, explica Enrique García Huete, psicólogo clínico e professor de Psicologia. Já Timanfaya Hernández, também psicóloga clínica e vogal do Colégio Oficial de Psicólogos de Madrid considera que “saudar assim dá-te uma identidade masculina: se for uma mulher a fazê-lo, certamente enfrentará comentários depreciativos de que ‘parece um macho'”. A especialista recorda que, na mesma linha, espera-se de um homem que aperte a mão com força. “São micromachismos, pequenos estereotipos que se permitem num género e não no outro e só acentuam as diferentes entre os géneros”, conclui.
“Brincar” com as chaves
Qual é o sentido de exibir umas chaves? Porque é tão frequente ver um homem a fazê-lo, seja à chegada a um café ou enquanto espera à porta da escola, interrogou-se o jornal espanhol. García Huete tem uma teoria: “Quando se trata de um jovem, quer mostrar que tem carro, um elemento de discriminação positivo. Na idade aculta, tem mais a ver com o estar nervoso, a não ser que o porta-chaves seja Mercedes, Lamborghini ou Ferrari. Nesse caso, o proprietário quer que saibamos que carro tem.”
Sentar-se com as pernas abertas
Um estudo da Universidade do Arizona, EUA, confirmou o que diz a perceção comum: nas mulheres, uma postura relaxada é vista como “informal”, enquanto nos homens a mesma posição é percebida como “dominante”. Outro estudo, da Universidade da Califórnia, concluiu que uma pose “expansiva” é um exemplo de metacomunicação: “sinais que se dão, que não têm uma relação direta com o que estamos a dizer (…) e que têm a ver com o que alguém está a tentar transmitir, mas que não pode dizê-lo de forma direta, neste caso a virilidade”, considera Timanfaya Hernández.
Os polegares nos bolsos…
… e os outros dedos a apontar para a zona genital. “Isso é exibicionismo”, não hesita García Huet. Em geral, esta pose à John Wayne inclui pernas bem afastadas e numa posição assimétrica. Allan Pease, no seu livro de 1981 Body language define esta postura como “a exibição de cortejo sexual mais agressiva de todas”.
Coçar o queixo ou a barba
“Os pelos faciais são um elemento de masculinidade. É o que diferencia claramente os homens das mulheres. Ao coçá-la ou acariciá-la, o que estamos a fazer é a sublinhar essa virilidade”, considera o especialista.
Estalar os dedos
Esta é herança do homem primitivo, assegura Huete. “Estalar os dedos, esticá-los e encolhê-los ou cerrar os punhos são gestos que antecedem a luta. Significam: ‘Estou pronto para lutar'”
“Dar cinco”
Uma coisa é um aperto de mão formal, outra é um aperto de mão efusivo, em que as mãos se chocam antes de efetivamente se apertarem. Na mesma categoria, o gesto de “dá cá mais cinco” é um símbolo de pertença ao clã. “São gestos familiares dentro de um grupo”, explica García Huete.
Andar ao estilo “febre de sábado à noite”
“Esse pavonear está relacionado com um cortejo claro às mulheres”. Quer dizer, traduz Huete: “Sou muito fixe, sou confiante.”
Arregaçar os calções de banho
É uma visão comum em prais e piscinas: Homens em calções mais ou menos compridos, mas que insistem em arregaçar, deixando muitas mulheres a pensar “porque não compraram antes uma tanga?” “Os slips nem sempre são bem vistos, para muitos estão fora de moda. Por isso compram calções. Arregaçá-los pode ser uma forma de fazer passar uma imagem de segurança e confiança.
Pôr os pés em cima da mesa
“Indica comodidade e relaxamento: estamos a partilhar um momento de descontração. E também condiança, porque é algo que só podes fazer num ambiente em que te sintas cómodo”, acredita García Huete.
Saudações-insulto
“É uma forma masculina de expressar admiração, carinho ou afeição por outro homem”, define o psicólogo.