O dono mete a chave à porta e, já se sabe: se do outro lado estiver um cão, pode contar com uma receção calorosa, digna de quem esteve anos fora… ainda que só tenham passado algumas horas. A cauda abana, há saltos e latidos e não há como não perceber que o animal está feliz com o reencontro. Mas se atrás da porta estiver um gato… é possível que nem esteja sequer atrás da porta, na verdade.
Não é de estranhar, por isso, a fama de independentes e indiferentes, incapazes de mostrar afeição, de que os felinos gozam. Mas segundo um novo estudo, esta indiferença é apenas aparente. Mais até: é fingida.
Investigadores da Oregon State University chegaram à conclusão de que os gatos preferem a companhia humana a comida, a outros gatos e mesmo à tão adorada erva-gateira.
Kristyn Vitale Shreve, que liderou o estudo, não se conformava com os artigos científicos já publicados que se referiam aos gatos como pouco sociáveis, teimosos e difíceis de treinar. Com a sua equipa, pegou em 55 gatos – 23 que tinham dono e 22 que estavam em abrigos para animais abandonados. Cada um ficou sozinho, durante duas horas e meia, período que os investigadores usaram para perceber qual a comida, o brinquedo, o cheiro e a interação humana preferidos de cada um.
Depois, foram colocados numa sala com os seus items preferidos e podiam mexer-se livremente. Não foi possível concluir a experiência com todos, mas dos 38 que puderam ser analisados, 19 preferiram claramente a interação humana. A comida ficou em segundo neste ranking de popularidade, preferida por 14 gatos. Só quatro optaram pelos brinquedos e um preferiu ficar junto a um tecido impregnado com o seu cheiro favorito.
Os investigadores admitem, no entanto, que o estudo é limitado e que a preferência pelo contacto humano pode variar consoante o humano e, claro, consoante o animal.