A nuvem tóxica, constituída por dióxido de enxofre, resultante de um incêndio que deflagrou pelas 3H00 desta terça-feira, 14, num armazém e anexo de uma fábrica da Sapec, em Mitrena, no concelho de Setúbal, onde se encontravam toneladas daquele químico, já estava “muito mais reduzida” cerca das 11 e 30, declarou à VISÃO, àquela hora, o coordenador da proteção civil municipal, José Luís Bucho.
O mesmo responsável referiu que se encontravam no local três ambulâncias do INEM e uma Viatura Médica de Emergência e Reanimação, cujas equipas, informou, não reportaram qualquer caso de náuseas ou irritação na garganta e nos olhos, os sintomas expectáveis numa situação destas. José Luís Bucho disse também ter contactado o Hospital de São Bernardo, em Setúbal, que comunicou não ter recebido na sua Urgência nenhuma pessoa com aqueles sintomas.
Nas freguesias do Sado e de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra, as mais próximas do local do sinistro, José Luís Bucho relatou que os respetivos presidentes de Junta, acompanhados de funcionários autárquicos, todos equipados com máscaras protetoras, percorreram as localidades, assegurando-se de que os habitantes, conforme o solicitado pelas autoridades, se encontravam em casa, com portas e janelas calafetadas “com toalhas molhadas”, e também de que as creches e escolas da zona estavam encerradas, por precaução. O Instituto Politécnico de Setúbal esteve igualmente fechado.
Mas pelas 11 e 30, quando falou com a VISÃO, o coordenador da proteção civil municipal afirmou que o incêndio se encontrava já na fase de rescaldo, embora ainda com “algumas labaredas”, e que o fumo a ser expelido estava “muito mais reduzido”. A nuvem tóxica, levada por vento de Sueste, dirigia-se para zonas da Margem Norte como Vila Franca de Xira, mas José Luís Bucho garantiu que, logo na área de Palmela, “já vai a uma altitude que não tem consequências para a saúde pública”.
Este responsável disse que, o mais tardar pelas 14 horas, já deverá ser autorizada a saída de casa das populações das freguesias mais próximas da fábrica onde se deu o incêndio. O rescaldo do sinistro – que causou queimaduras ligeiras em cinco bombeiros – será complicado. “Vai durar dias”, explicou José Luís Bucho. “O enxofre é uma substância que não pode ser extinta com água, que o alimenta e dá lugar a um ácido. Estamos a usar espumífero e, depois, temos de consolidar os despojos com areia, de maneira a fazer um sarcófago. O enxofre deixa de ter oxigénio e extingue-se por aí.”