1 – BILBAO – Feliz aniversário
Foi há 20 anos que nasceu o “efeito Bilbao”, demonstrando ao mundo como um museu pode transformar uma cidade, graças a uma arquitetura arrojada e surpreendente (neste caso assinada por Frank O. Ghery) e uma consistente agenda cultural capaz de ir atraindo sempre novos públicos. Em 2017, o Museu Guggenheim celebra o seu 20º aniversário com uma programação ambiciosa que pode, só por si, fazer atrair muitos visitantes à cidade – até porque vale sempre a pena percorrer os restaurantes do Casco Viejo e experimentar alguns dos mais saborosos pintxos do País Basco. As celebrações dos 20 anos do Guggenheim iniciam-se já a 3 de fevereiro com uma imensa retrospetiva do expressionismo abstrato americano do último meio século, com algumas das mais célebres obras de Jackson Pollock, Rothko e Willem de Kooning, entre outros. A exposição estará patente até 4 de junho, coincidindo, em parte, com a mostra que vai marcar o verão: Paris, fim de século, com obras de Redon, Toulouse-Lautrec e outros. Em novembro, o Guggenheim acolhe a exposição Retratos, de David Hockney, fruto de um convite que o artista fez, em 2014, a 70 personalidades, para serem retratadas no seu atelier, todas no mesmo cenário.
Quando ir: A TAP voa duas vezes por dia de Lisboa para Bilbao, mas a cidade também está a uma distância razoável para se fazer de carro (a 864km de Lisboa e a 711km do Porto)
2 – MADRID – Picasso e o terror
Há coincidências felizes: em 2017, o Museu Reina Sofia celebra 25 anos e a obra mais célebre da sua coleção permanente (Guernica, de Picasso), comemora 80 anos. Assim, aproveitando a confluência de datas, o museu aproveitou para fazer uma exposição monográfica de Picasso, com cerca de 150 obras pintadas entre os anos 20 e 40, provenientes de diversas coleções privadas e de instituições como o Centro Pompidou, de Paris, a Tate Modern, de Londres e o MoMA, de Nova Iorque. O título da exposição (de 4 de abril a 4 de setembro) é, só por si, estimulante para começar a organizar uma viagem: Piedade e Terror em Picasso: O Caminho para Guernica. Do outro lado da Gran Via, o Museo Thyssen também vai ter este ano uma mostra dedicada a Picasso (a partir de 17 de outubro). Será uma exposição centrada nos quadros que Picasso pintou nos tempos em que viveu em Barcelona e Paris, sendo visível o paralelismo da sua obra com a do francês Toulouse-Lautrec. Neste ano, Madrid vai ainda inaugurar um novo espaço expositivo: o Palácio Gaviria, na cale Arenal, foi o escolhido para albergar uma retrospetiva (de 1 de fevereiro a 25 de junho) do holandês Escher, que só em Milão teve mais de 200 mil visitantes.
Quando ir: De Lisboa e do Porto, em conjunto, há cerca de 60 voos diários para Madrid (com preços a menos de 50 euros por trajeto).
3 – BARCELONA – Bowie superstar
Mais de um milhão de pessoas pagaram bilhete em Londres, Berlim, Paris e Chicago para ver a exposição (organizada pelo Victoria & Albert Museum, da capital inglesa) sobre David Bowie que vai chegar, a 25 de maio, ao Museu del Disseny de Barcelona. São mais de 300 objetos reunidos para homenagear a estrela britânica, como manuscritos, peças de roupa, fotografias, vídeos, desenhos de cenários e objetos pessoais. Mas Picasso também estará este ano em Barcelona. E de uma forma original: de 17 de março a 25 de junho, o Museu Picasso exibe os retratos realizados pelo pintor, numa exposição organizada em colaboração com a National Portrait Gallery, de Londres.
Antes de ir: A organização da exposição de David Bowie aconselha os visitantes estrangeiros a comprar, na net, os bilhetes com antecedência.
4 – PARIS – Centenário de Rodin
Considerado um dos pais da escultura moderna, Auguste Rodin (1840-1917) vai ser uma das estrelas da primavera em Paris, graças a uma grande exposição (de 22 de março a 31 de julho) no emblemático Grand Palais – local que, só por si, vale sempre uma visita. No entanto, a alguns quarteirões de distância, Rodin vai ter de “suportar” a concorrência de outro enorme artista: o holandês Johannes Vermeer, cuja obra estará em destaque, com outros pintores da sua época, no Museu do Louvre (de 22 de fevereiro a 22 de maio). Mas 2017 é também o ano em que o Centro Pompidou vai celebrar 40 anos. Entre as suas principais exposições estará uma monumental retrospetiva do britânico David Hockney (de 21 de junho a 23 de outubro). Quase em simultâneo, no Museu d’Orsay, os holofotes estarão virados para Cezanne, com uma mostra dos seus retratos (de 13 de junho a 24 de setembro). No outono, a partir de 17 de outubro, as atenções estarão centradas em outro grande vulto da arte gaulesa: Gauguin, numa exposição – O Alquimista – no Grand Palais.
Quando ir: No outono, porque há menos turistas e ainda pode ir à inauguração do novo Museu de Yves Saint-Laurent.
5 – LONDRES – Hockney, Pink Floyd e Revolução
Em matéria de exposições, Londres é, cada vez mais, a capital do mundo. Os seus museus são quase todos de entrada gratuita, mas têm também uma programação de exposições temporárias com força suficiente para atrair milhares de pessoas… a pagar. Mais uma vez, este 2017 não foge à regra, e os visitantes da capital britânica têm muitas e boas razões para tentar comprar bilhetes em algumas das mais prestigiadas instituições culturais da cidade. A época de grandes exposições inicia-se já a 9 de fevereiro com a abertura da retrospetiva de David Hockney, no ano em que o artista celebra 80 anos – uma exposição que, ao longo de 2017, irá viajar depois para o Centro Pompidou, em Paris, e o Metropolitan, em Nova Iorque. A exposição será uma das maiores jamais realizadas na Tate Britain e cobre seis décadas da carreira de Hockney, com mais de 160 obras. Mas também em fevereiro, a 11, inaugura-se na Royal Academy of Arts outra das exposições do ano: Arte Russa, de 1917 a 1932. Ou seja, uma mostra com a melhor arte inspirada pela revolução bolchevique, de que este ano se celebra o primeiro centenário. O mesmo tema estará também patente no renovado Design Museum, a partir de 15 de março, com a exposição Imaginar Moscovo: Arquitetura, Propaganda e Revolução. Em oposição, se quisermos recuar aos tempos da guerra fria, os visitantes de Londres podem dirigir-se ao British Museum (de 9 de março a 18 de junho) para ver a revolução artística operada nos Estados Unidos após a II Guerra Mundial, na exposição O Sonho Americano: do Pop ao Presente. No entanto, se há exposição para que será necessário marcar bilhetes com antecedência é aquela que vai marcar a reabertura do Victoria & Albert Museum, a instituição mais aberta às novas formas artísticas, sempre atenta às tendências e modas que moldam a realidade atual: The Pink Floyd Exhibition: Their Mortal Remains (de 13 de maio a 1 de outubro”. Mais do que uma exposição tradicional, o que os seus organizadores prometem é uma experiência sensorial, capaz de fazer os visitantes absorver todo o universo criativo e musical de um dos grupos musicais mais influentes do último meio século. Mas ao longo do ano, Londres vai ser também a “casa” de alguns dos mais prestigiados artistas mundiais de sempre, graças a, pelo menos, três outras retrospetivas que prometem, novamente, seduzir milhares de visitantes: Alberto Giacometi (de 9 de maio a 10 de setembro) na Tate Modern; os retratos de Cézanne (a partir de 26 de outubro) na National Portrait Gallery; e uma enorme exposição de Modigliani (a partir de 22 de novembro), na Tate Modern.
Quando ir: Em agosto, porque pode ver boas exposições mas também testemunhar a despedida das pistas de Usain Bolt, no Mundial de Atletismo, no Estádio Olímpico dos Jogos de 2012, e ainda participar no carnaval de Nothing Hill.
6 – BERLIM – Sob o signo de Lutero
A capital alemã vai celebrar em grande estilo os 500 anos da reforma de Lutero, com uma exposição no núcleo Martin-Gropius-Bau do Museu de História da Alemanha. O Efeito Lutero – 500 Anos de Protestantismo no Mundo é o título desta mostra que, de 12 de abril a 5 de novembro, pretende mostrar a diversidade global daquela corrente religiosa, com obras e objetos oriundos de diversos países, em particular a Suécia, Alemanha, Estados Unidos, Coreia e Tanzânia. Os amantes da cultura histórica têm, a partir de 18 de maio, uma exposição a não perder no Neues Museum: China e Egito – Os Caminhos de duas Civilizações Avançadas, com mais de 300 objetos de arte dos dois países.
Quando ir: De 6 a 12 de outubro, quando o Festival das Luzes ilumina, de forma colorida, os principais edifícios e monumentos da cidade
7 – NOVA IORQUE – O traço de Lloyd Wright
Qualquer pretexto é bom para regressar à “cidade que nunca dorme”, bem como a alguns dos seus museus. O Guggenheim está, por exemplo, entre os mais fotografados pelos turistas… que, entre 12 de junho a 1 de outubro, podem ficar a conhecer tudo sobre o autor daquele edifício de curvas orgânicas que contrasta, claramente, com os blocos retangulares de Manhattan. Frank Lloyd Wright at 150: Unpacking the Archive, é o título da exposição que vai marcar o verão do MoMA, com mais de 450 projetos, desenhos, esboços, fotos e filmes de um dos maiores arquitetos de sempre. Uns quarteirões mais abaixo, no International Center of Photography, estará, de 26 de maio a 3 de setembro, a exposição obrigatória para os amantes da fotografia: Magnum Manifesto, uma mostra de algumas das mais icónicas fotos da agência de fotojornalistas criada, há 70 anos, por Robert Capa, Henri Cartier-Bresson, George Rodger e David Seymour. Já o imenso Metropolitan vai estar em modo oriental, entre 3 de abril e 16 de julho, com uma exposição que cobre mais de 400 anos de história da China, durante as dinastias Qin e Han, e que levará os imponentes e famosos guerreiros de terracota para o Central Park. O título da exposição não poderia ser mais apropriado aos tempos que correm: A Idade dos Impérios.