No início deste ano, a Junta de Freguesia de Santo António, em Lisboa, lançou o projeto Antena Solidária – incentivo aos residentes para devolverem as suas antigas antenas de receção de sinal de televisão sem qualquer utilidade. Esses objetos obsoletos serão entregues em ferros-velhos, a troco de dinheiro, consoante o seu peso em alumínio e ferro. O valor recolhido por cada antena (mais ou menos 16 cêntimos o quilo de alumínio e 12 o de ferro, segundo a cotação em bolsa) será aplicado na compra de alimentos para a Mercearia Social – Valor Humano.
Esta mercearia, “única no país”, explica Vasco Morgado, presidente da junta, serve 600 famílias da freguesia. Com dinheiro tipo Monopólio – os santo antónios – as pessoas referenciadas podem abastecer-se de produtos não frescos, conforme as suas necessidades e sem se exporem.
Sob o lema “a sua antena de televisão antiga já só serve para decorar o telhado? Entregue-a e veja-a transformar-se em alimentos para quem mais precisa”, a campanha já recolheu 42 exemplares e sabe que cada uma valerá, pelo menos, uma garrafa de azeite. “Temos 11 mil domicílios e estimamos que cerca de 70% nem se lembre que ainda tem uma antena no telhado, a julgar pela vista aérea”, nota Vasco Morgado. E com a recolha, ou seja com uma cajadada, se apanham dois coelhos (a vista de Lisboa mais limpa e comida nas prateleiras da mercearia).
A junta tem 15 mil euros de orçamento para a mercearia, sem contar com os donativos particulares e de empresas. Todo o dinheiro que entrar, é menos que se gasta do erário público e que será desviado para outras prioridades da freguesia.
As antenas podem ser entregues na sede da Freguesia (Calçada do Moinho de Vento, 3) ou ser recolhidas, da parte da manhã, por dois colaboradores da junta, mediante marcação prévia (Tel. 21 885 5230) e se São Pedro ajudar Santo António. “Com chuva não queremos ninguém nos telhados”, decreta o presidente. E avisa que não há data para acabar com a campanha – “enquanto houver uma antena num telhado não desistiremos”.