Um grupo de investigadores da Universidade de Boston e da Universidade de Yale pensam ter descoberto um novo fator de risco das doenças cardiovasculares.
Embora seja uma das principais causas de morte em pessoas idosas, quase 60 por cento dos pacientes com arteriosclerose não apresentam quase nenhum dos fatores de risco convencionais, o que sugere que existem alguns fatores relacionados com a idade que não foram, ainda, identificados.
Mas agora, um estudo publicado na revista Science, veio mostrar que a acumulação de mutações nas células sanguíneas que vai acontecendo com o envelhecimento promove a formação de placas dentro das artérias – que leva a arteriosclerose – e a inflamação, agravando o risco de doenças circulatórias.
“A nossa investigação mostra que as mutações nos glóbulos brancos adquiridas com a idade podem causar doenças cardiovasculares”, explicou Kenneth Walsh, um dos autores do estudo, ao EurekAlert!. “Perceber este novo mecanismo das doenças cardiovasculares pode suscitar o desenvolvimento de novas terapias para o tratamento de pessoas que sofram de doenças cardíacas e vasculares devido a estas mutações”.
Até aqui, já se sabia que este tipo de mutações poderia levar ao cancro, no entanto, não tinha sido demonstrado que podiam ter, também, um papel noutras doenças associadas ao envelhecimento.
Em entrevista ao El País, José Javier Fuster, um investigador espanhol que participou no estudo, diz que estes resultados podem ajudar a compreender os casos de arteriosclerose que eram, até agora, inexplicáveis – por exemplo, em casos de pessoas magras, que fazem desporto, não fumam e que acabam por sofrer uma destas doenças.
Os inibidores utilizados durante a investigação estão a ser objeto de análise por alguns ensaios clínicos que pretendem verificar se poderão ou não ser eficientes no tratamento deste tipo de doenças. Tudo depende dos resultados destes ensaios, mas José Javier Fuster não consegue esconder o entusiasmo: “é tentador pensar que, no futuro, os médicos poderão avaliar o estado destas mutações e desenhar terapias personalizadas com base nesta informação”.