Quantos vezes alguém o interpelou na rua para lhe vender a revista CAIS? Este mês de outubro a capa traz alguém inesperado e teve como diretor uma surpresa: Martin Schulz, o presidente do Parlamento Europeu, que aproveita a oportunidade para lançar um desafio: “Os políticos têm de arrumar a casa”.
Uma mensagem frontal de alguém que diz que não consegue “aceitar o nível de desigualdade” em que se vive atualmente e que recusa que “um pequeno grupo privilegiado leve sempre a melhor, obtenha vantagem em relação aos demais, seja poupado a grande parte da partilha de encargos e transmita esta vantagem às gerações futuras”.
Em editorial, o presidente do Parlamento Europeu escreve que “a globalização acelerou a desigualdade, segundo alguns, para níveis nunca vistos, e chegámos a um ponto crítico em que os líderes devem agir”. “Se não houver alterações das políticas, a mudança pode assumir formas perigosas, e não ocorrer por processos democráticos”, alerta o líder do Parlamento Europeu.
Se os políticos não fizerem a tal arrumação, Schulz acredita que “o modelo social – o único instrumento de que dispomos para lutar contra a desigualdade – será votado à irrelevância, essencialmente devido à própria desigualdade”.
A CAIS é a revista editada pela associação com o mesmo nome, que tem como objetivo principal contribuir para a melhoria das condições de vida dos cidadãos em risco de exclusão social, pela dignificação humana, capacitação e empregabilidade.
Além de Martin Shulz, neste mês de outubro há outros temas em destaque, como a narrativa fotográfica da francesa Marie Dorigny, que apresenta “Deslocadas”, um trabalho realizado a convite do Parlamento Europeu e que regista em imagens os movimentos das mulheres e crianças refugiadas em busca de asilo na União Europeia.
O livro A Leste do Paraíso, de John Steinbeck, é a sugestão literária de Martin Schulz.
A revista começará a ser vendida na quarta-feira, dia 12, pelos sem-abrigo, nas ruas de Lisboa e do Porto.