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A vida na Terra pode ter origem numa colisão com um planeta parecido com Mercúrio
NASA
Há quase um século que a teoria da “sopa primordial” serve como explicação para a origem da vida na Terra. Mas por mais elegante que seja, a ideia de que as moléculas orgânicas – os blocos com que se constroem todos os seres vivos – começaram a agregar-se num caldo aquecido, formando os primeiros organismos, deixa muitas pontas soltas.
Uma delas é a fonte de carbono. Na sua infância, o nosso planeta era uma massa escaldante, por conta da intensa atividade vulcânica. Nestas condições, todo o carbono, um elemento essencial à vida, teria desaparecido por evaporação. Agora, uma equipa de geólogos da Universidade de Rice, nos Estados Unidos, apresentou uma origem para o carbono: uma colisão com um planeta semelhante a Mercúrio, depois da Terra ter arrefecido, pode de facto ter depositado na Terra todo o material necessário para a evolução da vida no planeta.
“O desafio é explicar a origem dos elementos voláteis como o carbono, que ficam fora do centro da Terra. Mesmo que o carbono não se tivesse vaporizado e escapado para o espaço quando o nosso planeta estava praticamente derretido, acabaria no centro metálico do planeta”, diz o geólogo Rajdeep Dasgupta, ao site Sciencealert.
Já não é nova a tese de que parte dos elementos essenciais à vida tenha vindo de outros mundos, ou seja, que no fundo, temos origem extraterrestre. Por exemplo, através da colisão com um meteorito. Só que a nova tese apresenta argumentos de peso, publicados num artigo na revista científica Nature Geoscience.
Com experiências de alta-pressão e alta-temperatura, os investigadores testaram quais as condições e quais os elementos químicos que poderiam resultar numa composição igual à do manto terrestre. Com simulações várias, a equipa concluiu que numa colisão hipotética entre a Terra e outra massa, o carbono manter-se-ia no manto da Terra – sem ser completamente absorvido pelo núcleo de ferro – se a outra massa fosse feita de uma liga de ferro, rica em silício ou enxofre. Nesta teoria, a colisão terá acontecido há 4,4 mil milhões de anos.
Prevê-se que haja ainda uma boa discussão à volta do tema. Mas uma coisa parece ser certa: é preciso mais do que um caldo para a vida acontecer.