Senta. Rebola. Apanha. Quantas vezes não lhe pareceu já que o seu cão o entende como se fosse uma pessoa de quatro patas? A verdade, concluiu um estudo inovador a ser publicado no jornal Science na próxima sexta-feira, 2, é que o cérebro canino processa o discurso da mesma maneira que o dos humanos. Os cães não só entendem o tom em que as palavras são ditas, como as processam uma a uma. E fazem-no de forma separada, em lados distintos do cérebro, como qualquer pessoa.
Para chegar a estas conclusões, uma investigação liderada pelo húngaro Attila Andics, doutorado em psicolinguística e mestre em neurociência cognitiva, recorreu a ressonâncias magnéticas para estudar a atividade cerebral de 13 cães em resposta a um conjunto de frases ditas em vários tons. As imagens mostraram que o melhor amigo do homem processa as palavras através de uma zona situada no hemisfério esquerdo do cérebro, enquanto o tom com que elas são proferidas é absorvido pelo hemisfério direito. Tal como nos humanos.
Diz Attila Andics, inserido no Projeto Cão de Família da Universidade de Budapeste, que a aprendizagem do vocabulário “parece não ser uma capacidade única dos humanos, mas uma função mais antiga que pode ser explorada para associar sequências de sons a significados”, pelo menos também no caso dos cães, como explicou à Associação Americana para o Avanço da Ciência, que antecipou a divulgação das descobertas.
Para o investigador, a única exclusividade do Homem em relação ao cão, no que respeita aos mecanismos da linguagem, é mesmo a capacidade de falar.