Uma nova investigação de uma equipa da Cornell University em Ithaca, Nova Iorque, vem reforçar a ideia que já tinha sido avançada no ano passado: pode mesmo existir vida na maior lua de Saturno.
Titã é o único satélite natural com características semelhantes às do planeta Terra, onde chove e há rios e lagos. Segundo a NASA, é “um dos mundos mais parecidos com a Terra que descobrimos até agora”. A diferença é que não existe ali água, mas sim metano líquido. Nas suas condições naturais, não é possível desenvolver vida humana naquele “mundo”, porque além de não ter água natural, o ar não é respirável e as temperaturas normais atingem os 180ºC, e por isso os lagos e rios existentes estão a cerca de 50 a 100km da superfície.
De acordo com o estudo, publicado esta segunda-feira no Proceedings of the National Academy of Sciences, Titã tem condições prebióticas, ou seja, condições químicas para desenvolver e suportar vida.
Martin Rahm, um dos líderes da investigação, afirma que uma das coisas que torna Titã completamente desagradável para os habitantes da Terra – a abundância de cianeto de hidrogénio nocivo que se forma quando a luz solar atinge a atmosfera nebulosa – pode mesmo ser o que ajuda a suportar vida não humana.
A equipa provou que é possível que o cianeto de hidrogénio reaja com outras moléculas encontradas em Titã e produza cadeias moleculares ou polímeros, incluindo um chamado poliimina. Com as temperaturas daquela lua, a poliimina pode conter o tipo de propriedades que ajudam a evolução microbiana, uma vez que este polímero consegue absorver a energia do sol e assim tornar-se um possível catalisador de vida.
Esta descoberta abriu caminhos para os cientistas que buscam provas de que existe vida para além do planeta Terra. Alguns especialistas acreditam mesmo que em Titã existem seres adaptados ao frio e que não necessitam de água para sobreviver, devido à sua riqueza em metano.
Para chegar a esta conclusão, a equipa analisou os dados recolhidos na missão Cassini-Huygens da NASA, lançada ao espaço em 1997.