Mais de 150 países comprometeram-se, através do Tratado de Montreal, a diminuir de forma significativa ou acabar de vez com o uso de clorofluorcarbonetos (CFSs) para proteger a camada de ozono. Quase 30 anos depois, a promessa começa a mostrar resultados.
Uma equipa de cientistas do Reino Unido e dos Estados Unidos da América, liderada pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), encontrou provas de que o buraco da camada de ozono está a diminuir. A equipa analisou os dados recolhidos desde 2000, quando atingiu o seu tamanho máximo
(25 milhões de quilómetros quadrados), até 2015 e concluiu que o buraco encolheu quatro milhões de quilómetros quadrados, o equivalente à superfície da União Europeia (sem o Reino Unido).
Segundo os cientistas, a diminuição do uso de CFCs, que começaram a ser utilizados em 1920 em limpezas a seco, refrigeradores e aerossóis como desodorizantes e lacas, é a principal razão para a recuperação da camada do ozono.
Desde a sua descoberta, em 1985, o buraco da camada do ozono tem sido medido e analisado todos os anos durante o mês de outubro, quando atinge o seu tamanho máximo anual devido à primavera austral, na Antártida.
No ano passado, o buraco apresentava um pico anormal que deixou a comunidade científica preocupada, pois contrariava as tendências de diminuição registadas nos anos anteriores. Mas a equipa liderada por Susan Solomon, geóloga e uma das primeiras pessoas a associar os clorofluorcarbonetos à destruição da camada do ozono, demonstrou que a atividade vulcânica foi a causa para os dados assustadores de 2015, em concreto a erupção do vulcão Cabulco, no Chile, em abril do ano passado.
“Depois de uma erupção, o enxofre forma partículas minúsculas que se tornam as sementes das nuvens estratosféricas polares. Estas nuvens aumentam quando se verifica uma erupção vulcânica e isso leva a uma maior perda de ozono”, justifica a geóloga. Ou seja, o pico verificado não compromete a ideia de que o buraco do ozono está a ficar mais pequeno, nem as previsões de que a situação deverá estar normalizada em meados deste século. “Podemos estar agora confientes de que as coisas que fizemos colocaram o planeta no caminho para a cura”, afirma Susan Solomon.
A camada do ozono localiza-se entre de 10 a 50 quilómetros de altitude e qualquer alteração tem efeitos diretos, não só no clima, mas também na saúde, uma vez que serve de filtro à radiação solar ultravioleta. A ONU estima que, até 2030, o protocolo de Montreal terá evitado dois milhões de casos de cancro de pele.