Passam muito tempo debaixo de água, a grandes profundidades, e raramente se deixam ver. Mas, para a cientista Catherine Kemper, não havia grandes dúvidas sobre o animal que tinha à frente: tratava-se de uma baleia-bicuda de Hector.
O mamífero deu à costa numa praia do Sul da Austrália e morreu ainda antes da chegada da equipa de biólogos. Ao ser examinado, uma saliência nas mandíbulas deixou os cientistas baralhados. Havia ali dentes onde não era suposto nos machos desta espécie quanto mais numa fêmea, como era o caso, em que os dentes nunca chegam a romper.
“Foi muito esquisito. Eu não sabia o que era, porque nunca tinha visto uns dentes daqueles. Comecei a pensar: ‘teremos alguma espécie nova aqui?”, contou Catherine Kemper à estação televisiva australiana ABC, justificando a sua reação de surpresa com o facto de as mandíbulas constituírem “uma das partes distintivas de uma baleia-bicuda”. Quase nenhuma fêmea deste tipo de baleia tem dentes e nas de Hector nunca tinham sido identificados.
A incerteza sobre que espécie era aquela levou os biólogos australianos a contactar cientistas de outros pontos do globo. A baleia foi encontrada em fevereiro e desde então a consulta à comunidade científica internacional permitiu concluir que se trata, com certeza, de uma baleia-bicuda de Hector. O que ninguém consegue esclarecer, como foi hoje tornado público, é a presença de dentes no animal. Uma tese avançada aponta para a hipótese de serem um regresso ao passado, como se aquela espécie pudesse estar a recuperar uma característica física que teve em gerações anteriores. Mas, por enquanto, os investigadores estão apenas no campo das suposições, intrigados com os dentes da baleia-bicuda e incapazes de explicar mais este mistério do mundo animal.
“Quanto mais soubermos, mais fácil se torna a preservação dos animais. Sem esse conhecimento, é muito difícil monitorizá-los e saber se está tudo bem eles”, sublinhou Catherine Kemper, garantindo que a procura por respostas não terminou.