A posição é clara – num relatório com 200 páginas, a organização britânica Royal College of Physicians (o equivalente à Ordem dos Médicos) com mais de 30 mil associados, vem recomendar peremptoriamente o cigarro eletrónico aos fumadores.
“Os fumadores devem ser encorajados a usar cigarro eletrónico, para os ajudar a deixar de fumar. Há forte evidência de que estes são muito mais seguros do que o tabaco e ajudam a deixar o vício. Pode salvar milhões de vidas”, defende-se no documento, que chega a propor a prescrição médica do equipamento, com comparticipação de fundos públicos, no âmbito dos programas de cessação tabágica.
Esta posição de força é contrária a alguns estudos que desvalorizam a sua utilidade na ajuda a quem está a tentar largar o vício – nomeadamente um trabalho publicado na revista The Lancet Respiratory Medicine, que concluiu que quem usa o modelo eletrónico é 28% menos propenso a parar de fumar. Mas a recomendação pelo vapear vem no seguimento do parecer emitido no verão passado pela Public Health England, o equivalente à Direção-Geral da Saúde.
“São pelo menos 95% mais seguros do que os normais” e devem ser enquadrados no Sistema Nacional de Saúde, defende o Colégio. Só é necessário que as leis acompanhem a mudança de hábitos.
Mas já não falta muito. Prevê-se que em maio seja publicada legislação europeia que estabeleça padrões para cigarros e recargas. O diploma prevê também que os fabricantes divulguem informação precisa sobre a constituição dos produtos.
Em Portugal, com a nova lei do tabaco, que entrou em vigor a 1 de janeiro de 2016, os cigarros eletrónicos passaram a estar sujeitos às mesmas regras que os restantes produtos de tabaco, como acontece em Espanha, Bélgica, Eslováquia, Malta e Itália, países onde a exceção são os e-cigarros sem nicotina. Ou seja, no nosso país, onde é proibido fumar também é proibido vapear. Já o Luxemburgo, Alemanha, Irlanda, Reino Unido, República Checa, Dinamarca não impõem qualquer restrição ao seu uso.
A Sociedade Portuguesa de Pneumologia também tem tido uma posição mais cautelosa, reforçando que não há dados científicos suficientes para recomendar o seu uso para ajudar a deixar de fumar. Uma tese que aliás vem na mesma linha da recomendação da Organização Mundial de Saúde.
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