Afine as cordas vocais, treine a postura e inscreva-se no coro mais perto de casa. Ian Lewis e Daisy Fancourt, investigadores do Reino Unido, chegaram à conclusão de que o “simples” facto de se cantar em grupo, pelo menos uma hora por dia, traz melhorias à saúde.
“Cantar num coro pode ter uma série de benefícios sociais, emocionais e psicológicos e agora podemos ver também os efeitos a nível biológico”, explicou Ian Lewis ao jornal britânico The Independent. “É realmente fantástico e pode melhorar a forma como apoiamos doentes com cancro no futuro”, acrescentou o diretor da investigação.
A descoberta foi possível através da disponibilidade de 193 cantores cujas vidas estão marcadas pelo cancro. Quer enquanto pacientes, quer enquanto familiares ou amigos, todos haviam testemunhado de perto a doença. Diagnosticada com cancro da mama aos 50 anos, Diane Raybould foi uma dessas pessoas. As canções “inspiradoras” e o apoio dos maestros e dos restantes coristas fizeram-na “sentir-se genuinamente melhor”, conta Diane, que perdeu a filha com a mesma doença.
A partir da análise da saliva dos quase 200 cantores, o estudo em questão demonstrou que os benefícios psicológicos destas sessões de canto em grupo conduzem ao aumento das citocinas, substâncias fundamentais no organismo pelas funções reguladoras e de produção de anticorpos.
Os doentes oncológicos têm o sistema imunitário fragilizado pelos tratamentos de quimioterapia a que estão sujeitos. Esta conquista científica sugere que “uma atividade tão simples quanto cantar pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes e prepará-los melhor para receber tratamento”, assegura a investigadora do Royal College of Music, Daisy Francourt.
O estudo foi divulgado esta semana pela plataforma online E-Cancer Medical Science, responsável pela publicação de investigações e relatórios clínicos na área da Oncologia.