“Considero de extrema gravidade que não me tivessem informado do resultado de uma ressonância magnética efetuada há quase um ano, a 30 de junho de 2015, para confirmar a existência de um problema de saúde que pode dar origem a um cancro na mama, ou que até poderia já o ser na altura do exame médico”, disse à Lusa a paciente, Paula Marques.
“O relatório da ressonância magnética recomendava a remoção de toda a lesão, por existir uma probabilidade de malignidade entre os 30 e os 65%, mas ao longo de todo este tempo não recebi qualquer notificação do HGO, pelo que aguardava, normalmente, pela consulta previamente marcada para julho de 2016”, acrescentou.
A história de Paula Marques, que já apresentou reclamação no Gabinete do Utente do HGO, no passado dia 24 de março, por alegada “negligência médica, ocultação de diagnóstico e ausência de tratamento”, começou em maio de 2015 quando o médico de família confirmou a presença de um nódulo na mama direita, tendo-lhe solicitado que fizesse de imediato uma biopsia.
Depois de ter efetuado a biopsia, o médico que a seguiu no HGO, terá dito a Paula Marques que “estava tudo bem”, tendo, no entanto, solicitado a realização de uma ressonância magnética e marcado nova consulta, para julho de 2016.
Paula Marques alega que poucos dias depois, quando fez a ressonância magnética, foi informada pelos técnicos de saúde de que, caso o resultado do exame o justificasse, seria chamada antecipadamente para uma consulta, procedimento esse que seria habitual no HGO.
Dado que ao longo dos últimos meses não foi contactada pelo HGO, Paula Marques estava convencida de que o resultado da ressonância magnética não tinha revelado nada de grave, mas, há cerca de três semanas, detetou dois novos nódulos na mama direita, o que a deixou “em pânico”.
“Fui de imediato ao médico de família e também ao HGO, para falar com o médico que me tinha consultado, doutor Marco Aurélio, que me perguntou pelo resultado da ressonância magnética, ao que respondi: diga-me o doutor”, recordou Paula Marques, salientando que só alguns dias mais tarde recebeu em casa a ressonância magnética, com a recomendação para a remoção do nódulo detetado inicialmente.
Além da reclamação que apresentou junto do hospital, da qual deu conhecimento ao ministro da Saúde e à Ordem dos Médicos, Paula Marques admite também a possibilidade de vir as apresentar queixa no Ministério Público, mas promete aguardar pelas explicações do HGO.
Contactado pela agência Lusa, o Hospital Garcia de Orta confirmou a entrada da reclamação de Paula Marques, adiantando que a mesma “está a ser analisada pela direção do serviço responsável pelo seu seguimento em consulta”.
“Nos próximos dias iremos providenciar a resposta por escrito à reclamação da Sra. Paula Marques, de acordo com o apuramento dos factos”, esclarece o HGO, acrescentando que a referida utente já tem uma consulta agendada para a próxima semana “para esclarecimento da sua situação clínica”.