– A ideia de marcar os Coliseus do Porto [na última quinta-feira, 31] e o de Lisboa [a 29 de abril] foi minha e da minha agência. Vai ser muito especial fazer este espetáculo para três mil pessoas. Não é algo que me assuste, bem pelo contrário, até me entusiasma. Não é propriamente uma endoscopia…
– O único limite para o humor é a graça, não há uma fórmula mágica. Normalmente testo os espetáculos em salas mais intimistas antes dos grandes palcos. E o circuito de stand up comedy em Portugal está cada vez mais modernizado.
– O humor que faço é de observação. O uso das vozes dos outros ajuda-me a exprimir as minhas próprias vozes e entre elas está uma que é aquela a que eu chamo “a voz da razão”. As minhas piadas não exprimem necessariamente a minha opinião sobre os assuntos; além disso, aquilo que somos e o que vivemos também alteram o humor que fazemos. Nesta altura, por exemplo, já me sinto capaz de ter um capítulo maior sobre política e é o que acontece neste espetáculo A Voz da Razão’ que estreou em Guimarães e passou pela Figueira da Foz, sempre com as salas esgotadas
– A estreia do espetáculo Roubo de Identidade foi no dia em que a minha mãe morreu. Não sei como tive essa frieza mas senti que falhar um momento importante da minha vida profissional seria outra tragédia e essa eu poderia evitar. Além disso, o espectáculo já estava feito, só tive de usar o meu corpo.
– Tive uma queixa na ERC por causa de um sketch em que fazia o papel de um transexual a quem a operação tinha corrido mal. Se fosse o meu amigo Rui Sinel de Cordes seria normal. Até acho que o papel de parede dele são queixas da ERC.
– Os meus personagens favoritos dependem das fases. De início era o Rui Costa, que tinha regressado ao meu Benfica e é uma pessoa que eu sempre o admirei. Era a minha coqueluche. Além disso, acho que eu era o único a imitá-lo. Depois houve uma fase em que gostava de imitar o meu amigo e humorista Bruno Nogueira. Agora acho que é o Bruno de Carvalho, o presidente do Sporting. É uma figura com quem simpatizo e que me dá imenso material quase todos os dias. Eu só tenho de pegar naquilo e transformar em dinheiro para mim.
Depoimento recolhido por Mário David Campos