Nos últimos anos, o conjunto de micróbios que habitam a flora intestinal, a boca ou a vagina têm sido vistos como essenciais para a saúde de cada um de nós. Da capacidade de combater infeções à regulação do peso.
Com o nome de microbioma, este exército, composto por milhões de bactérias, tem sido muito estudado e já há mesmo tratamentos que se baseiam no restabelecimento da ordem neste habitat. Por exemplo, já se tratam infeções resistentes com transplante de fezes de pessoas saudáveis.
O parto é um momento crucial na formação desta colónia de bactérias, que nos acompanha pela vida fora. Boa parte provém da flora vaginal da mãe e é transmitida durante a passagem pelo canal vaginal. Os bebés que nascem por cesariana ficam, por isso, privados desta fonte de contágio benéfico. Dai que alguns casais, sobretudo nos Estados Unidos, tenha adotado a técnica de passar uma gaze embebida em secreções vaginais da mãe pelo corpo do recém-nascido. E um artigo científico, publicado na Revista Nature Medicine, no início do mês, mostra que este procedimento resulta, colonizando os bebés nascidos por cesariana com as bacatérias da mãe.
Mas agora, um artigo publicado no British Medical Journal (BMJ) vem pedir cautela. “Não se deve esperar que um profissional de saúde faça algo que não tem benefícios provados e que possa representar risco,” defende Aubrey Cunnington, especialista em doenças infecciosas. No artigo do BMJ alerta-se para a possibilidade de existirem riscos a longo prazo, associados à técnica ou ainda no mais imediato contágio com clamídia ou herpes vaginal.
Para já, a recomendação dos médicos é que até que haja mais evidência, as mães que tenham partos por cesariana se concentrem em amamentar os filhos e em evitar o uso desnecessário de antibióticos, de forma a promover uma saudável formação do microbioma.