Diversas publicações da especialidade estão a noticiar a queda do objeto, batizado com o nome WT1190F. A revista Nature escreve que a queda do objeto, que não deve de ter mais de dois metros, é uma oportunidade para os cientistas não só estudarem a passagem do objeto pela atmosfera como testar os planos dos astrónomos para coordenar esforços se alguma vez cair um objeto potencialmente perigoso.
O objeto foi descoberto pelo Catalina Sky Survey, um programa na Universidade do Arizona (Estados Unidos) destinado a descobrir asteroides e cometas que passem perto da terra. Diz a revista que os cientistas conseguiram calcular a trajetória do objeto e descobrir que vai cair às 06:20 (TMG, mesma hora de Portugal) de dia 13 a 65 quilómetros a sul do Sri Lanka.
Jonathan McDowell, astrofísico do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, Cambridge (Massachusetts) , citado pela Nature, diz que se trata de um objeto com um a dois metros e que a trajetória indica que tem baixa densidade, pelo que deve de ser oco.
Isso sugere um objeto artificial, “um pedaço perdido da história espacial “, disse o responsável, admitindo que se trate de um pedaço de foguete ou de painéis de uma missão à Lua, se calhar de há décadas, até mesmo da missão Apollo (o programa da NASA que levou o homem à Lua no final da década de 1960).
Os cientistas dizem que deverá haver muito mais lixo espacial na órbita da Terra, algo que Rui Agostinho, astrónomo, considera normal e inofensivo.
Questionado pela Lusa o especialista, do Observatório Astronómico de Lisboa, considerou que o mais provável é que o WT1190F se desfaça na atmosfera, porque é o que acontece a quase todos os objetos, salvo os habitáculos, porque foram concebidos para resistir ao atrito.
“Tudo o que é restos de satélites, peças, é robusto mas não aguenta o aquecimento na reentrada na atmosfera”, pelo que é desnecessário ter medo, “tanto mais que vai cair no mar”, disse à Lusa, explicando que é ínfima a probabilidade de alguma vez a queda na Terra de algum lixo espacial provocar danos humanos.
O astrónomo e astrofísico Rui Agostinho explicou que todo o lixo espacial que orbita a Terra acabará por reentrar na atmosfera e desfazer-se. É que objetos em órbitas baixas (400 quilómetros) sentem ainda assim alguma fricção atmosférica (ainda que 99,9 por cento dessa pressão esteja até 50 quilómetros).
O que acontece, acrescentou, é que esses objetos são continuamente travados por essa “micro-atmosfera” e por isso perdem velocidade e aproximam-se do planeta, onde o número de moléculas aumenta e acelera a travagem e por isso a queda.
Rui Agostinho diz que preocupante seria a queda de uma estação espacial, mas mesmo assim a entrada na atmosfera, e por conseguinte o local da queda, seria controlada.
Apesar da tranquilidade científica a queda no planeta de um objeto desconhecido, a uma sexta-feira dia 13, está a permitir várias leituras. Imprensa especializada e generalista tem destacado o facto de se tratar de um “objeto misterioso”.
Mas há também a teoria de que esse objeto nada tem de misterioso, é uma cápsula de outro planeta que se dirige a um portal ou a uma base extraterrestre que existe no mar, perto do Sri Lanka.
com Lusa