Falta-lhes comida, roupa e brinquedos – mas quem vem à procura de refúgio precisa ainda de ajuda para encontrar o resto da família. Foi com esta ideia na cabeça que uma neurocientista portuguesa, Marta Moita, 43 anos, investigadora da Fundação Champalimaud, se lançou na criação de uma plataforma de crowdfunding, com o objetivo de angariar dinheiro para o programa de reunião de famílias do ACNUR, a agência das Nações Unidas para os Refugiados.”Fez-nos sentido ajudar desta forma porque é uma questão esquecida mas devastadora”, sublinha Marta Moita, “e é determinante para o futuro da sua integração nos países que os acolhem”.
A portuguesa sabe do que fala – afinal, esta história começa num verão do início dos anos 1990. Marta Moita estava a trabalhar numa companhia de limpeza de um hospital na cidade de Tubingen, na Alemanha. Os seus colegas de trabalho eram refugiados bósnios. Foi então que conheceu uma família muito especial: a mãe, professora de economia, e as duas filhas, estudantes universitárias. O pai, esse, ficara para trás – e elas perderam-lhe o rasto. “Mesmo assim, elas tinham sempre energia para me ajudar”, recorda Marta, a lembrar como assim via reduzido o peso diário do seu trabalho. Para agradecer a simpatia, a portuguesa todos os dias lhes traduzia as notícias sobre a guerra, esse local distante.
“A atual crise de refugiados parece estar a provocar um sentimento de impotência à maioria das pessoas, mas agora é que é preciso agir”, insiste Marta, que recrutou logo, entre os amigos, um ilustrador, um artista, um músico e um professor de literatura com a mesma necessidade de atuarr. Com a plataforma online a partir de hoje, e durante 15 dias, desafia-se quem quiser a dar qualquer valor, “nem que sejam 5 euros”.
Basta aceder a www.indiegogo.com/projects/reconnect-help-refugees-find-their-families#/ .
“Se angariarmos 25 mil euros, será possível proteger cem pessoas que aguardam pelas suas famílias”, assinala Marta. “Mas se conseguirmos mais, tanto melhor”.