Há pelo menos 15 anos que as eleições para a Faculdade de Medicina de Lisboa não tinham mais de uma candidatura. O professor catedrático Fausto Pinto ganhou à investigadora e presidente do Instituto de Medicina Molecular de Lisboa, Maria Carmo-Fonseca, com apenas um voto de diferença. “É a lei da democracia”, graceja o vencedor. Fausto Pinto é apontado como sucessor do anterior líder José Fernandes e Fernandes, diretor de serviço do Hospital de Santa Maria, instituição que esteve recentemente envolvida num escândalo de alegados favorecimentos do hospital à maçonaria, Opus Dei e partidos políticos.
O novo responsável da faculdade nasceu em Santarém, há 54 anos, e ocupa diversos cargos, como o de presidente da Sociedade Europeia de Cardiologia e a direção de Serviço do Centro Hospitalar Norte.
Numa missão “sem revoluções e com evolução”, Fausto Pinto tem três áreas prioritárias de atuação: a reformulação do ensino clínico; a criação de um departamento que repense os mecanismos da educação médica, adequando algumas das propostas do conselho pedagógico para esta área; a internacionalização da faculdade. “Vou aproveitar a mais-valia de ser presidente da Sociedade Europeia de Cardiologia para dar à escola médica maior visibilidade no exterior, integrá-la nas redes internacionais do conhecimento, aceder a outros tipos de financiamento, atrair estudantes estrangeiros e participar em projetos de investigação de índole global”, adianta. O médico também promete uma maior ligação à sociedade civil com a criação de uma comissão de cidadãos.
Já Maria Carmo-Fonseca diz-se satisfeita com os resultados. “Foi uma oportunidade de conhecer melhor os problemas da faculdade. Estava consciente de que a minha candidatura não era bem recebida por um largo setor. As minhas propostas eram de rutura e de modernidade, o que suscitava grande oposição. Daqui a três anos volto a candidatar-me”, garante a vencedora do Prémio Pessoa, em 2010.