A forma como usamos o teclado de um computador é muito pessoal, diz algo sobre nós e, por isso, identifica-nos. A velocidade da digitação, a repetição de erros, a força que usamos para premir uma tecla, são padrões únicos. Uma mudança no padrão pode significar duas coisas: alguém pode estar a usurpar a nossa identidade ou revela que estamos doentes.
Este é o recente estudo de um grupo de investigadores espanhóis que com a ajuda de um grupo de engenheiros de software e telecomunicações criaram uma série de algoritmos para modelar matematicamente o pulso, por forma a “detetar uma deterioração das habilidades psicomotoras como determinantes de doenças como o Parkinson”, explica o neurologista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) Álvaro Sánchez ao jornal El País.
Por exemplo, premir uma tecla demora apenas 100 milissegundos mas há aqui muita informação que pode ser dividida em 3 fases: o impacto do dedo ao digitar, a pressão da ponta do dedo e por fim, o soltar da tecla. Apesar de ser um gesto bastante curto cada pressão deste tipo activa o córtex motor primário, área motora suplementar, gânglios da base e cerebelo.
Teclado neuroQwerty
E o resultado é o programa neuroQWERTY. Para testar a sua validade os investigadores optaram por utilizar o programa com um grupo de pessoas saudáveis, que tiveram de escrever um parágrafo durante o dia e, em seguida, para induzir um estado de deterioração das suas capacidades obrigaram-nos a levantar a meio da noite para voltar a escrever. O estudo contou com a participação de 14 pessoas de diferentes países e língua materna. Foi repetido alguns dias depois e provou-se que depois de um estado de inércia do sono, 15 por cento dos voluntários ficavam mais “desajeitados a digitar”.
No caso do Parkinson os investigadores optaram por trabalhar com um grupo de 15 familiares e os “primeiros resultados também revelaram o mesmo padrão de perda”, disse o neurologista Sánchez.
O objetivo final é fazer um diagnóstico precoce, antes que seja tarde demais. Posteriormente pensam conseguir alargar este teclado neuroQWERTY, à doença de Alzheimer e à artrite reumatóide.