Pode parecer uma cena saída de um filme de ficção científico mas, segundo a teoria do cirurgião italiano Sérgio Canavero, o primeiro transplante de cabeça humana pode tornar-se numa realidade mais cedo do que se pensava e ajudar na cura de doenças musculares degenerativas e do cancro.
Em termos práticos, o transplante implica que a medula espinhal encaixe na perfeição com a nova cabeça para que o sistema imunológico do novo corpo não a rejeite. Depois de se proceder a uma limpeza profunda da medula espinhal, é necessário arrefecer a cabeça do destinatário, bem como o corpo do dador, para prolongar o tempo que as células podem sobreviver sem oxigénio. Por fim, há que dissecar os tecidos à volta do pescoço, ligando os vasos sanguíneos entre a cabeça e o corpo por tubos minúsculos. Para unir as extremidades da medula recorrer-se-ia a um químico, o polietilenoglicol.
Depois de todo o procedimento cirúrgico, a recetor seria colocado em coma induzido durante, sensivelmente, quatro semanas. O médico italiano acredita que o paciente poderá acordar com a mesma voz, movimento e sensação na cara, e aprender a caminhar no espaço de um ano.
Embora alguns críticos já tenham sentenciado o projeto como um “pura fantasia”, o médico italiano planeia apresentar o projeto durante a conferência anual da Academia Americana para as Cirurgias Neurológicas e Ortopédicas, em Annalopis, já no próximo mês de junho.
Em declarações à revista New Scientist, o cirurgião mostrou que a ideia é para levar adiante: “Se a sociedade não quiser isto, eu não vou fazê-lo mas se as pessoas da Europa e dos EUA não quiserem, não significa que não possa ser feito noutro local”.