A teoria é de um linguista da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, que defende que daqui a um século existirão “muito menos línguas”, sendo as que sobram versões simplificadas daquilo que conhecemos hoje, especialmente na forma como são faladas. Num artigo publicado no Wall Street Journal, John McWhorter prevê mesmo que 90% das línguas vão morrer, subsistindo apenas cerca de 600.
E nem as avançadas ferramentas de tradução, como a da Google, deverão ser capazes de salvar as restantes: “O conceito só funciona até certo nível. Quando uma língua já não é falada com as crianças, as pessoas terão menos interesse na tecnologia que traduz a língua porque não a falarão.”
E a “culpa”, escreve McWhorter, é provalmente da globalização – à medida que as pessoas mudam de região, as culturas vão sendo fragmentadas. Culturas menos conhecidas, com línguas mais originais lutarão para sobreviver, mas línguas mais poderosas, como o inglês e o chinês, irão dominá-las através da colonização, acredita o linguista.
Para McWhorter, o cenário de ficção científica em que a Terra fala uma única língua é “impossível”, mas o de uma Torre de Babel também.
“Uma língua não é apenas uma coleção de palavras e regras. É parte de uma cultura, aprendida desde cedo, usada com criança, o veículo dos mais íntimos sentimos”, explica. “No que toca a culturas grandes e sólidas, é difícil imaginar os pais a começar a usar o inglês com as suas crianças, a ler-lhes em inglês. A única forma de isto acontecer seria se os movimentos da população fossem tão violentos que uma massa crítica de pessoas fosse deslocada do seu meio. Isso implicaria uma espécie de catástrofe global”, conclui.