Na natureza, as coníferas verdes e gigantes sobrevivem a diferenças de temperatura drásticas, crescem a tamanhos incríveis e criam ecossistemas que abrigam estranhas e maravilhosas criaturas.
Apresentamos alguns segredos sobre as árvores de Natal.
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1 – As árvores de Natal podem transformar-se em vidro
Esta é uma experiência que não deve ser feita sem o equipamento adequado. Colocar uma gota de picea obovata ou de pinus sylvestris num recipiente com nitrogénio líquido à temperatura de menos 196 graus celsius. Aplicar o composto num ramo de conífera da floresta siberiana, onde as temperaturas atingem os menos 60 graus celsius. O mais provável de acontecer é que os tecidos do ramo se transformem em vidro. Neste sentido, a palavra vidro significa que a estrutura se torna sólida mas não cristalina, como se fosse um vidro de uma janela, mas feito de açúcar, proteína e moléculas de água.
Uma vez que as moléculas se encontram neste estado ‘vidrado’ não podem mover-se, e isso significa que não podem reagir. Ficam pré-congeladas, o metabolismo das árvores desce a zero e as suas células não são danificadas pelo frio extremo. Quando o inverno se aproxima as árvores emanam água das suas células para o tecido circundante, assim os cristais de gelo não queimam a parede celular.
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2 – As árvores de Natal são casas perfeitas para seres como as tarântulas
Muito para além do sul da Sibéria, do outro lado do mundo, as árvores de Natal estão para as tarântulas como a manteiga para o pão.
Ao sul dos Apalaches (cordilheira situada no Canadá e Estados Unidos da América) as florestas acima dos 1500 metros de altitude são casas perfeitas para uma das mais pequenas tarântulas do mundo, a microhexura montivaga. Estes animais, que não crescem para além dos 4mm, estão em vias de extinção. Necessitam de um habitat muito particular, nem muita humidade nem muito calor, o que nem sempre é possível. Mesmo em florestas como as existentes nos Apalaches, por vezes as condições de habitabilidade perfeitas a estes seres não são as melhores.
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3 – As árvores de Natal podem ter o tamanho que se quiser, afinal são árvores
A maioria das árvores de Natal que encontramos nas nossas salas não têm mais de 10 anos. Mas se lhes dermos tempo e condições ideais, elas podem alcançar alturas incríveis. Por exemplo, o maior abeto conhecido chega aos 99,7 metros e encontra-se no Oregão. É a conífera mais alta do mundo que não faz parte da família das sequoias. Por outro lado, nas sequoias encontramos no Redwood National and State Park, da California, uma árvore com 115,55 metros.
De acordo com um estudo publicado em 2004 na revista científica Nature, as árvores não podem crescer muito mais do que isso. Aos 130 metros, por exemplo, já se torna muito complicado para a árvore absorver água e nutrientes, dado o efeito da gravidade.
Este esforço é também notado na anatomia da própria árvore. As agulhas que se encontram no topo são mais pequenas do que as agulhas que se encontram na parte baixa da conífera. Isto porque a expansão da água é importante e não conseguindo subir não existe crescimento.
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4 – As árvores de Natal criam o seu próprio ecossistema
As árvores têm o seu próprio mundo. Em algumas das mais altas árvores do planeta os ramos só crescem a partir dos 30 ou 60 metros.
Há quem suba ao topo delas para perceber como funciona o ecossistema à volta. A principal diferença durante a escalada está relacionada com o facto de quanto mais alto mais seco e frio o ar fica, ao passo que junto ao solo a humidade e o calor são elevados. No entanto, embora possa parecer um ambiente pouco convidativo, os ramos gigantes são perfeitos para acomodar ninhos de pássaros que estejam em perigo (caso façam as suas casas junto ao solo, como a coruja) e também dão abrigo aos esquilos voadores e aos Arborimus longicaudus (uma espécie de roedor, que podem viver diversas gerações numa única árvore sem nunca tocar o solo).
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5 – As árvores mais novas e mais pequenas não são substitutas das mais antigas
Embora haja sempre a tentação de deitar abaixo uma árvore grande e antiga, facto é que as mais novas não as conseguem substituir, principalmente quando demoraram centenas de anos a alcançar aquele estado.
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6 – As árvores de Natal podem vir a sofrer com as crescentes alterações climáticas
As árvores de Natal adaptam-se bem e são capazes de crescer sem restrições fora do seu habitat natural. Durante anos um determinado tipo de abeto só se encontrava a sul dos Apalaches e era uma das árvores mais procuradas para a época natalícia. Atualmente já começa a ser cultivado noutros estados norte-americanos e até no Reino Unido.
No entanto, os investigadores estão preocupados com o que o clima pode fazer às espécies nativas. Isto porque se as temperaturas no inverno não forem frias o suficiente, algumas espécies podem não ‘acordar’ a tempo da primavera, o que significa que não há reprodução das mesmas.
As temperaturas podem também afetar o crescimento. Pouco frio afeta a reprodução e o crescimento, demasiado calor pode danificar as agulhas e os ramos, dado que estas árvores não se dão bem com calor em excesso. Aos menos 2,8 graus celsius, por exemplo, o processo de fotossíntese abranda e a perda de água aumenta.