Uma equipa de médicos da Universidade de Milão e da Fundação Don Gnocchi, na mesma cidade italiana, relatam, na última edição da publicação médica Lancet, o caso de um bebé que nasceu em 2009, filho de uma mãe seropositiva.
Tal como tinha acontecido uma menina do Mississipi, EUA, agora com quatro anos, este bebé recebeu um tratamento anti-retroviral logo após o nascimento. Até aos três anos, a criança não apresentava qualquer vestígio do VIH no sangue, levando os médicos a interromper o tratamento. Durante uma semana, o vírus da sida continuou indetetável, mas, logo depois, reapareceu.
“Apenas algumas horas depois da infeção, o vírus já estava a começar a espalhar-se pelos orgãos e esconde-se, portanto a terapia não consegue erradicar o VIH”, conclui Mario Clerici, da Universidade de Milão.
“Podemos tratar os pacientes, mas não curá-los. Para já, é impossível”, lamenta.
Em Julho, análises efetuadas à “bebé Mississipi”, que foi declarada o primeiro caso de cura do VIH, mostraram que o vírus tinha reaparecido e que a criança já não estava em remissão, depois de quase dois anos sem anti-retrovirais.
A diferença do tempo que as duas crianças estiveram aparentemente curadas pode dever-se à carga viral diferente de cada uma – o bebé italiano tinha uma carga viral superior no nascimento, indicando que, provavelmente, foi infetado durante a gravidez e não no parto, como no caso na criança norte-americana.