O tempo em que voar exigia apenas um pouco de fé e coragem acabou. Nos dias de hoje, nenhum avião moderno levanta voo sem passar numa longa lista de testes elaborados e rigorosos.
As companhias aéreas asseguram-se de que os seus aviões estão preparados para enfrentar qualquer imprevisto. Atirar galinhas ao avião a toda a velocidade, com recurso a um canhão de ar comprimido, ajuda a prever um potencial choque com pássaros, por exemplo, que poderiam partir uma janela ou danificar o motor.
Foi o caso do Airbus A320 da US Airways, que em 2009 fez uma amaragem de emergência no rio Hudson, em Nova Iorque. O avião colidiu contra um bando de gansos e ambos os motores deixaram de funcionar.
Ainda que pareça assustador, o oscilar das asas durante um voo não é nada comparado com aquilo a que estas são sujeitas durante os testes. Muitos aviões de passageiros modernos têm asas flexíveis que conseguem dobrar-se até aos 90 graus em simulações.
Para testar a resistência e comportamento do avião em condições normais e excecionais, os fabricantes sujeitam as asas a cargas 1,5 vezes mais pesadas do que seria possível em serviço. Com o maior número de carga possível, o ângulo de desvio na ponta das asas é superior a cinco metros, ou seja, a carga faz com que a asa dobre quase 90 graus.
Os aviões são ainda sujeitos a um fluxo constante e intenso de água ou fogo. Para se certificarem de que os motores, sistemas e materiais trabalham corretamente sob temperaturas extremas, as companhias aéreas testam os aparelhos em condições de frio ártico, com infiltrações de pedaços de gelo a simular uma nuvem de granizo, e em temperaturas extremamente quentes.
Aprender novas formas de lidar com uma falha elétrica, altitudes muito elevadas, túneis de vento ou relâmpagos já é possível através de simulações em terra firme. Em laboratório, é possível atingir o avião com raios para testar a reação dos vários materiais. Nestes testes, as descargas podem chegar aos 100 mil amperes, o suficiente para fornecer energia a uma pequena cidade.