Numa entrevista à revista britânica Aeon, a filósofa Rebecca Roache da Universidade de Oxford, reflete sobre a forma como várias tecnologias futuristas poderiam influenciar a maneira como a sociedade lida com os criminosos.
Uma das possibilidades seria o recurso à biotecnologia para manter vivos os criminosos mais cruéis, permitindo a aplicação de penas mais condizentes com os seus crimes. Rebecca Roache recorda, por exemplo, o caso de Magdelena Luczak and Mariusz Krezolek, condenados a 30 anos de prisão pela morte do filho de quatro anos, que torturaram e fizeram passar fome. A filósofa nota que, na prisão, vão receber o tratamento humano que não deram ao próprio filho.
Outra alternativa seria o uso de drogas psicoativas, capazes de distorcer a perceção do tempo. Roache acredita que não estamos longe do desenvolvimento de um comprimido capaz de fazer alguém acreditar que está a cumprir uma pena de prisão de mil anos.
Mas há mais uma ideia: “transferir” a mente do criminoso para uma espécie de mundo digital e fazê-la correr a uma velocidade um milhão de vezes superior ao normal. O resultado: uma pena de prisão de mil anos poderia ser cumprida em oito horas e meia…
A evolução da tecnologia desenvolvida para punir pode ainda passar por um limitar da autonomia pessoal ou alteração do comportamento do condenado. Nesse caso, “seria preferível sentenciar uma pessoa a passar a maior parte da vida na prisão, ou seria mais ético “mexer” no cérebro dos prisioneiros e libertá-los?