SIGA PARA O ROTEIRO…
- … ROMÂNTICO: Em busca do tempo perdido
- … MEDIEVAL: Em Aljubarrota, com Nuno Álvares Pereira
- … MUÇULMANO: A Cruz e o Crescente
- … ROMANO (Norte): Conímbriga, a pequena Roma
- … ROMANO (Sul): Gladiadores do tempo
- … PALEOLÍTICO: Enigmas na rocha
Completar o cenário cabe a cada um dos visitantes. À coluna partida acrescenta-se o capitel esculpido, ao rectângulo de pedra acrescenta-se a água. Aos poucos, nasce uma villa (rica casa rural) romana perante os nossos olhos, que pode ser tão colorida quanto a Roma de Fellini. O regresso ao passado começa nas ruínas de Miróbriga, em Santiago do Cacém. O antigo povoamento rompe a paisagem rural e, mesmo sem a imponência de outros tempos, impressiona. Entre as pedras estão muitas histórias. Por isso, para viajar a tempos tão recuados – por volta do século IV – é aconselhável agendar visitas guiadas. É uma forma de educar o olhar e estimular a criatividade.
Na paragem seguinte, Vidigueira (a 80 km), no Baixo Alentejo, o leitor veraneante já vai sentir-se um verdadeiro arqueólogo. As Ruínas de São Cucufate dão uma visão clara da rotina quotidiana das antigas villae romanas. As salas de armazém não são apenas o melhor refúgio longe do calor: ajudam também a identificar as actividades a que se dedicava a população, desde a produção de cereais à viticultura. Na casa principal, o piso residencial está completamente destruído, mas não é difícil imaginar a sumptuosidade da fachada revestida de mármore. O jardim em socalcos desagua naquela que seria a piscina de Verão da propriedade. Mais recolhidas eram as termas, que mantêm intactas as arcadas que permitiam a circulação de ar quente entre os tanques cobertos.
A ligação com a água só era ultrapassada pelas crenças religiosas. O templo à entrada da povoação é a prova disso mesmo. Contudo, os túmulos que o rodeiam não podem ser vistos. Devido à falta de fundos para serem preservados a céu aberto, voltaram a ser cobertos com terra, a forma mais barata de as proteger.
Num saltinho, o leitor está nas ruínas de Pisões, em Beja, a 25 km da Vidigueira, onde se destacam os mosaicos coloridos que decoram as paredes interiores das casas. Ao procurar conhecer o Sul romano do País, é indispensável passar pelo ex-líbris da cidade de Évora, o Templo de Diana. A associação à deusa da caça surgiu no século XVII, mas na verdade o templo foi construído em homenagem a Augusto, o imperador responsável pela romanização da Lusitânia, no séc. I d.C.
Uma boa forma de terminar o percurso é visitar as Ruínas de Ammaia, em Marvão, a 120 km de Évora. Aqui, a viagem no tempo é quase instantânea. O parque de colunas, que ainda resiste, povoa o imaginário dos que encontram no passado uma inspiração para o futuro.
>> Onde dormir
- Hotel M’Ar de Ar Aqueduto, Évora
Em pleno centro histórico, junto do Aqueduto da Água de Prata, o antigo Palácio dos Sepúlveda (séc. XV) conserva a capela, os tectos em abóbada e as três janelas manuelinas da fachada. Duplo desde €150. Tel. 266 739 300.
- Quinta do Barrieiro, Marvão
O xisto e a paisagem verdejante que envolve a propriedade contrastam com a aridez do Alentejo. Às casas campestres junta-se o ateliê a céu aberto da proprietária. Duplo, desde €80. Tel. 96 405 4935.
>> Mais sugestões
- Teatro Romano (Lisboa) Foi construído na época do imperador Augusto (séc. I), mas só seria descoberto após o terramoto de 1755, na encosta sul do castelo de S. Jorge.
- Ruínas de Milreu (Estói) Os mármores e os mosaicos mostram o luxo da antiga villa, onde impressionam as 22 colunas que ladeiam o jardim exterior.
- Ruínas de Balsa (Luz de Tavira) Esta cidade portuária, que chegou a ocupar 45 hectares – uma área superior a Olisipo (Lisboa) – era uma das maiores urbes da Lusitânia romana.
>> PARA LER
‘Um Deus Passeando pela Brisa da Tarde’
Mário de Carvalho
Um romance da “grande literatura” que, fazendo uma piscadela de olho
ao leitor da viragem do século XX para o XXI, pinta de forma aliciante a vida na Lusitânia no tempo dos romanos