Com surpresa e sentimentos divididos. Eis como Marcelo Rebelo de Sousa recebeu a notícia da ampla maioria absoluta de António Costa, este domingo. Em Belém, esperava-se, é certo, um “virar de página”, ideia dominante na mensagem de Ano Novo. E o murro na mesa da dissolução, após o chumbo do Orçamento do Estado para 2022, destinava-se exatamente a recentrar o País, procurando uma solução de estabilidade, ainda que em regime de “contrato a prazo”, estabelecida ao centro. No entanto, Marcelo nunca esperou que o eleitorado garantisse “tanta estabilidade”: a maioria absoluta do PS. E agora?
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Elementos próximos do Presidente da República asseguram à VISÃO que a vitória do PS foi desde sempre dada em Belém como o mais provável. E, embora fora da equação, a maioria absoluta de António Costa, que surpreendeu o Presidente, era, ainda assim, preferível a uma maioria de direita que obrigasse Rui Rio a ficar dependente do Chega. É verdade que o Presidente deu, com algum alívio, como morta e enterrada a geringonça. Mas um dos cenários mais “tenebrosos” – a palavra circulava em Belém – era que ela fosse replicada, “em espelho”, por uma “traquitana” de direita que desse a André Ventura “voto na matéria”. A liderança de Rui Rio, no PSD, nunca foi firme, a esse respeito e, por isso (entre outros motivos relacionados com o histórico entre Marcelo e o líder do PSD), nunca inspirou confiança ao PR, que preferia continuar a lidar com um António Costa relegitimado em eleições mas, agora, mais condicionado por um PSD forte. As garantias do PSD de que viabilizaria um governo minoritário do PS descansavam Marcelo, até porque a perspetiva de ter de lidar com Rui Rio como primeiro-ministro o arrepiava bastante mais. “As personagens com quem teria de trabalhar, à direita, seriam mais difíceis”, diz-nos a mesma fonte.
Segundo um analista, Marcelo estará no terreno, para lembrar que a Constituição lhe confere 27 alíneas de competências…