Pavlo Sadokha, presidente da Associação de Ucranianos em Portugal, lamenta que Ucrânia não tenha integrado o grupo de países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) há alguns anos, de modo a evitar os planos imperialistas de Vladimir Putin. Agora, perante o ato consumado de agressão por parte da Rússia, o dirigente admite que o líder russo pode não só ter entrado no País vizinho para ficar, como pode vir a aventurar-se contra outros países, entre os quais a Polónia.
No Irrevogável, programa de entrevistas da VISÃO, Sadokha assegurou também que a comunidade ucraniana em Portugal está a mobilizar-se para ajudar os militares conterrâneos, que fazem frente aos russos, e que o Governo português garantiu ter já um plano de receção de refugiados causados pelo conflito.
“Se a Ucrânia tivesse entrado na NATO há oito anos não havia estas mortes e este sofrimento“, disse, esta sexta-feira no Irrevogável, admitindo que “Putin não entrou na Ucrânia para sair, foi para ficar“. “[O líder russo] Preparou, naquelas cartas e naqueles documentos em que dizia que a Ucrânia não existe, a invasão”, reforçou, avisando que “depois dos ucranianos, os próximos serão os polacos”.
“Os países da NATO não analisaram com muita atenção todas estas ameaças. A preparação da guerra foi feita desde a Revolução Laranja [2004-2005] e agora a Ucrânia é atacada pela Federação Russa sem estar na NATO. Esperamos que o mundo reaja”, disse.
Para o responsável da associação que representa uma das maiores diásporas estrangeiras em Portugal, “há uma diferença entre a Ucrânia e a Rússia: a Rússia é um País onde o líder é fascista, e tem um regime fascista, e a Ucrânia é uma democracia, onde nos podemos enganar a escolher um presidente e optarmos depois por outro”.
Após a Revolução Laranja, adiantou Pavlo Sadokha, “a Rússia investiu milhares de dólares em desinformação, como a televisão RT ou através da Fundação Russkiy Mir”, para “falsificar uma história ucraniana”.
Com muitos ucranianos a rumarem em massa à fronteira com a Polónia, o Governo português já manifestou à associação a intenção de acolher em solo nacional aqueles que fogem da guerra. De acordo com Sadokha, “depois de António Costa anunciar a receção de refugiados a associação foi contactada por Cláudia Pereira, secretária de Estado para as Migrações”.
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