Em entrevista ao programa da VISÃO “Irrevogável”, Daniel Adrião, rosto da oposição interna, no PS, a António Costa, exige uma consulta aos militantes antes de uma tomada de posição sobre as presidenciais. Sobre a vida interna do partido, afirma que existe “caciquismo e sindicatos de voto” e é por isso que preconiza primárias para a escolha de todos os candidatos do partido a cargos públicos.
Muito crítico sobre a atuação do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que demonstrou ter ideias totalmente opostas às do Governo socialista em matérias tão importantes como política de Educação, política de Saúde, Regionalização e “questões de civilização”, como a eutanásia, Daniel Adrião prepara-se para apresentar, na próxima reunião da Comissão Nacional do Partido, órgão maximo entre congressos, agendada para dia 31 de outubro, um ponto de ordem a exigir a consulta interna antes de uma tomada de posicão do PS, face às eleições presidenciais. “O referendo interno pode ser um dos meios possíveis para essa consulta”, defende Adrião.
Apoiante de Ana Gomes, o dirigente nacional (eleito para os órgãos do partido encabeçando listas alternativas às apresentadas pela direção, com 12% de elementos na Comissão Nacional e 15% na Comissão Política) duvida que o segundo mandato de Marcelo Rebelo de Sousa seja tão tranquilo para o Governo como foi o primeiro, em termos de garante da estabilidade política.
Defendendo, há muitos anos, a realização de primárias, abertas a militantes e a simpatizantes, para a escolha dos nomes dos candidatos do PS aos cargos de deputados ou autárquicos, Daniel Adrião vê nesta proposta uma forma de trazer as pessoas para a política, aumentar a representatividade da sociedade e combater o caciquismo interno.
Daniel Adrião mostrou-se crítico, também, do fim dos debates quinzenais, no Parlamento, com a presença do primeiro-ministro, recordando que a instituição dessa periodicidade tinha, até, “a marca do PS”. E considerou o timing do anúncio da substituição do presidente do Tribunal de Contas “particularmente infeliz”, logo depois de um relatório do TC muito crítico para o Governo.
Apesar das suas posições críticas, Daniel Adrião elogia a ação governativa e o desempenho do primeiro-ministro, reiterando que o que o move não é discutir a liderança do PS “mas sim a sua democracia interna”.
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