João Gomes de Almeida criou alguns dos cartazes mais mediáticos destas autárquicas. É obra sua a promessa de que o “sistema vai tremer” no dia 26 de setembro, com Suzana Garcia – a candidata do PSD, CDS, Aliança, MPT e PDR à Amadora, que apareceu, num outdoor, à frente do Parlamento com a famosa frase. Já a pedido do candidato social-democrata do Seixal, Bruno Vasconcelos, assina um conjunto de cartazes contra a governação comunista – incluindo uma mensagem inspirada na vitória olímpica do triplista Pedro Pablo Pichardo (nascido em Cuba e com nacionalidade portuguesa, desde 2017), em que se lê: “Fuja do comunismo e tenha uma vida de ouro”. É também assessor de Alexandre Poço, o candidato do PSD a Oeiras, que se tornou de imediato um trending topic nas redes sociais por pousar deitado e a imitar o superespião James Bond, enquanto prometia “dar tudo”. Quase tudo o que João Gomes de Almeida aprendeu sobre como “vender um político” foi a construir a imagem do amigo André Ventura, ainda o Chega era uma miragem. E o resultado valeu-lhe uma carteira de clientes, em crescimento, ligados ao PSD – e, nestas autárquicas, também ao PS… – e dispostos a recorrer a uma linguagem disruptiva para minimizar as perdas para os partidos populistas.
O publicitário premiado – que conheceu André Ventura, em 2008, quando a editora Chiado lhe entregou o primeiro romance do líder do Chega para rever – rejeita que o fato de Ventura sirva a todos os seus clientes, mas vaticina que “os anos chatos da publicidade política estão a chegar ao fim” e que, tal como já aconteceu noutras épocas, os políticos começam a não ter receio de dar nas vistas para se darem a conhecer. José Silvano – o coordenador autárquico do PSD e secretário-geral do partido – confirma a estratégia à VISÃO. “Quem não tem grandes possibilidades de [vencer], não é conhecido ou concorre em locais onde o partido tenha pouca implantação, tem de se mostrar, nem que seja de uma forma não convencional. Mas isto não quer dizer que, depois, apresentem propostas que tenham por base essa rutura que adotam na comunicação”, defende.