Umas legislativas que não estavam no calendário baralham as contas de todos os partidos. Há quem esteja a tentar mudar de imagem, quem tente apresentar novidades, quem siga a receita de sempre e quem procure surpreender. Nos últimos dias, os partidos começaram a traçar os planos para uma campanha que promete ser dura, curta e imprevisível, com a última sondagem (revelada pelo Expresso) a apresentar um número recorde de indecisos, na casa dos 39 por cento. Um valor nunca visto (muito acima dos 16% de indecisos que dava a sondagem da CNN), que pode fazer com que os dois meses que faltam até à ida às urnas sejam mais decisivos do que nunca.
Com a sombra das suspeitas a pairar sobre o primeiro-ministro, os temas da ética e da corrupção vão ser inevitáveis, mas a ideia de que não se pode chafurdar na lama sem se sair sujo vai pesar na forma como serão (ou não) trazidos para a discussão os casos que envolvem Luís Montenegro. Na oposição, a ideia de que tudo será feito em contrarrelógio atravessa os partidos da esquerda à direita, mesmo que seja à esquerda que a falta de tempo possa vir a fazer mais estragos. Os puzzles da governabilidade, que parecem difíceis de montar sem que a direita inclua o Chega, e o apelo ao voto útil são outros elementos que os partidos não podem descurar, numa altura em que é quase unânime na oposição que a habitação e a saúde são os grandes temas que preocupam os eleitores, mas o tempo para apresentar e defender propostas escasseia.
