Luís Montenegro disse no Parlamento, durante o debate da moção de censura, que a consultoria em proteção de dados prestada pela Spinumviva era feita com recurso a colaboradores externos. Foi preciso o Expresso revelar que uma das avenças da sua empresa familiar era com o grupo Solverde, no valor de 4500 euros, para serem revelados os nomes desses especialistas.
Em comunicado, emitido poucas horas depois de Luís Montenegro voltar a dizer aos jornalistas que entendia que deviam ser os clientes a revelar a ligação à consultora ou dar autorização para isso, a Spinumviva não só deu uma lista de empresas com as quais mantém avenças, como revelou os nomes dos dois colaboradores externos que prestam o serviço de consultadoria.
André Costa e Inês Patrícia são apresentados com uma breve nota curricular para cada um deles, nas quais ficam claras as competências específicas que lhes permitem prestar o serviço de consultadoria na área da proteção de dados, competências que nem a mulher de Luís Montenegro nem os seus dois filhos – os sócios da empresa – ostentam no seu currículo.
Mas quem são, afinal, estes colaboradores que, segundo os dados financeiros da Spinumviva a que a VISÃO teve acesso ganharam pouco mais de 66 mil euros em 2023, ano em que a empresa faturou 235 216,00 euros, e cerca de 68 mil euros em 2022, quando a empresa faturou 415 100 euros?
Inês Patrícia é, afinal, Inês Patrícia Varajão Borges, casada com João Rodrigues, o candidato do PSD à Câmara de Braga, que foi sócio fundador do escritório de advocacia de Hugo Soares, líder parlamentar do PSD e secretário-geral do partido.
A informação é confirmada à VISÃO pelo próprio Hugo Soares, que diz não ter ideia de que André Costa alguma vez tenha trabalhado para o seu escritório.
A VISÃO contactou o gabinete do primeiro-ministro para perceber se havia algum comentário a fazer sobre estes colaboradores, mas não obteve qualquer resposta.
Dona do Correio da Manhã não consta da lista de clientes
Na lista de empresas que são clientes da Spinumviva, revelada pela própria empresa, estão a Lopes Barata, Consultoria e Gestão, Lda, o CLIP – Colégio Luso Internacional do Porto, a SA; FERPINTA, SA, o grupo Solverde, SA e a Radio Popular, SA.
Não consta dessa lista a Cofina, apesar de o próprio primeiro-ministro ter dito ao Correio da Manhã, que essa empresa tinha sido sua cliente, numa altura em que detinha o diário.
Não foi dada qualquer justificação para essa omissão ou dito se há outras omissões.
A CNN adiantou, entretanto, que entre as várias empresas que constam na lista fornecida pela Spinumviva, há um elo em comum: a família Violas, uma das mais ricas do País.