Decorria o longínquo ano de 2015 quando uma simples denúncia anónima, feita no portal da Procuradoria-Geral da República, serviu de tiro de partida para uma das maiores investigações sobre corrupção a envolver políticos em cargos públicos ‒ a Operação Tutti Frutti. A investigação arrastou-se devido à sua complexidade, com queixas de falta de meios pelo caminho, situação a que a então procuradora-geral da República, Lucília Gago, deu resposta com a criação, em 2023, de uma equipa a trabalhar no caso em exclusividade (cinco inspetores da Polícia Judiciária e cinco magistrados do Ministério Público).
Ao fim de dez anos, o MP formalizou a acusação: 60 arguidos (49 pessoas e 11 entidades), incluindo atuais e ex-deputados, presidentes de junta, vereadores e altos responsáveis do PSD e do PS, são acusados de um total de 463 crimes: corrupção ativa e passiva, prevaricação, abuso de poder, tráfico de influência, branqueamento de capitais, burla qualificada, falsificação de documentos e recebimento indevido de vantagem.