Depois do raspanete dado por duas pensionistas, em Portalegre, que lhe recordaram o “roubo” nas pensões durante o governo de Pedro Passos Coelho, Luís Montenegro não teve outra alternativa a não ser, nessa noite (27 de fevereiro), prometer demitir-se, caso, um dia, como primeiro-ministro, seja “confrontado com a decisão de cortar um cêntimo de uma pensão, em Portugal”. E não era para menos: os pensionistas representam um terço do eleitorado e nos últimos anos têm direcionado o voto para o PS, pelo que a Aliança Democrática tudo tem feito para se reconciliar com este segmento da população, que pode decidir, no dia 10 de março, quem sairá vencedor das legislativas, como confirmaram à VISÃO politólogos e responsáveis de centros de sondagens.
Neste papel de eleitor decisivo encontra-se José Núncio, de 68 anos, presidente de uma associação de reformados e pensionistas, em São João da Talha, Loures, para quem a principal preocupação dos associados é “o valor da reforma”. Os tostões ainda se contam para ajudar os filhos: “Deixam de beber café ou de comer um bolo para os ajudar”, relatou à VISÃO, não partilhando, porém, em quem vai votar. Convicto das suas ideias, acredita nos valores da “democracia e da liberdade” e lamenta que se dê “pouca importância” aos idosos e reformados. “Dizem que os pensionistas têm peso nas eleições, mas eu não vejo políticas que vão ao encontro disso. Fala-se pouco da procura de soluções para esta camada da população.”