Pedro Nuno tem um sorriso de covinhas. Mas, com as covinhas, despontam-lhe também os pés de galinha – rugas no canto dos olhos, profundas e longas, que se esticam quase até à linha do cabelo, efeito colateral de quem está a quatro anos de completar meio século de vida. Um sorriso simultaneamente de miúdo e de graúdo, que dá para agradar a todos. O lado de menino atrai mulheres com idade para serem suas mães, e isso nota-se bem no maternalismo carinhoso com que é abraçado por elas; o lado crescido cativa outras gentes, seja pela perceção de maturidade, seja pela de confiança, e isto é a Ciência que nos diz: estudos mostram que pessoas com pés de galinha são vistas como mais sinceras e afetivamente intensas (“vistas como”, atenção, não quer dizer que o sejam).
Aqui, no Mercado de Angeiras, um clássico das campanhas do PS, as covinhas e os pés de galinha raramente o abandonam. Pedro Nuno Santos está no seu meio, no reino ultrassocialista de Matosinhos, onde, nas últimas autárquicas, a candidata do PS, Luísa Salgueiro, teve duas vezes e meia mais votos do que o rival do PSD. É o primeiro dia de campanha, e o candidato a primeiro-ministro decidiu arrancar a corrida partindo da sua zona de conforto. Veio para ser apaparicado e adulado, ganhar ânimo, energia e fôlego para uma competição difícil, bem mais dura do que a que teve António Costa há dois anos. Toda a ajuda é pouca.