António Costa recusou atirar a toalha ao chão, na hora da saída, na reunião magna socialista que entroniza, este fim de semana, Pedro Nuno Santos como novo líder. Na FIL – Feira Internacional de Lisboa, o agora ex-secretário-geral do PS garantiu que, apesar da demissão provocada por um caso judicial, não se dá por vencido. “Podem ter-me derrubado mas não me derrotaram”, disse, na passagem da pasta ao sucessor, em que até admitiu que nem tudo correu bem nos oitos anos da sua gestão, mas em que ensaiou um discurso de campanha eleitoral – “Há problemas? Claro que há, mas é o PS que vai resolver os problemas“.
Num discurso de meia hora, em que, além de defender todo o percurso da governação do PS, desde 2015, assegurou que “é possível fazer melhor – mas só o PS fará melhor que o PS”. Além disso, “não foram os anos do António Costa, mas do PS”, disse, dissipando as dúvidas que possa vir a fazer sombra a Pedro Nuno. Marcelo Rebelo de Sousa também não ficou de fora da sua intervenção: Belém travou a regionalização que os socialistas quiseram fazer e a lei das ordens, que vai dar mais médicos ao País, e que o Parlamento acaba de reconfirmar.
Costa começou por salientar que o PS “enfrentou uma situação difícil, aliás traumática”, com o caso que o levou ao pedido de demissão, a 7 de novembro de 2023. Depois, referindo-se a Pedro Nuno, aludiu que quem o sucede “é o primeiro secretário-geral que nasceu depois da fundação do PS” e que virá a ser o “primeiro primeiro-ministro que nasceu depois do 25 de Abril”, símbolo de “uma nova energia, um novo olhar”.
Entretanto, grande parte da sua intervenção foi dedicada à defesa do que deixa, desde logo com o “rasgar novos horizontes”, como foram os acordos “com o PCP, PEV e BE”, em 2015, que quebraram uma barreira entre o PS e esses partidos. “Não deixaremos voltar a erguer esses muros. Os muros nunca mais voltarão a existir dentro da democracia portuguesa”, assegurou.
Tom da campanha, com Marcelo (e direita) na mira
Apontou baterias à direita, afirmando que os governos do PS provaram que conseguiram “dar a volta à página da austeridade e ter as contas certas”. “Não foi só eliminar os cortes [do Governo de Passos]; conseguimos as contas certas e o diabo não veio; conseguimos aumentar salários e o diabo não veio. Porque é que o diabo não veio: porque o diabo é a direita e os portugueses não devolveram o poder à direita”, atirou.
Mas Marcelo Rebelo de Sousa também não deixou de ser visado. “Sabemos que tínhamos um presidente [da República] que não autorizava a regionalização”, disse, sublinhando também “o veto do presidente da República” à “nova lei das ordens”, que, entretanto, maioria reconfirmou no Parlamento.
“Há problemas? Claro que há, mas é o PS que vai resolver os problemas”, disse, marcando um tom eleitoral, onde disse “é possível fazer melhor [do que foi feito nos últimos oito anos] – só o PS fará melhor que o PS”. “Não foram os anos do António Costa, mas do PS”, acrescentou, dissipando as dúvidas sobre o que poderia ser a sua prestação nos próximos dois meses, até às legislativas de 10 de março, e como poderia ensombrar o percurso de Pedro Nuno.