‘Se funcionar, é uma boa ideia; se não funcionar, retiraremos daí as conclusões.” Recuando um ano, este aviso de Marcelo Rebelo de Sousa a António Costa, ao chegar a Lisboa a 3 de janeiro, vindo da tomada de posse do Presidente do Brasil, Lula da Silva, não deixa de ser a prova de que estava apurado e correto o faro político do Chefe de Estado, sobre aquilo que era a resposta do primeiro-ministro a uma baixa de peso no Governo e a promoção de alguém do seu círculo interno.
Isto é: com a demissão de um peso político pesado, de seu nome Pedro Nuno Santos, a 29 de dezembro de 2022, do outro lado do Atlântico Marcelo terá levado as mãos à cabeça ao ver a ascensão de João Galamba, então secretário de Estado da Energia, a ministro das Infraestruturas. Na verdade, em apenas 11 meses, aquele que foi um dos últimos elementos que constituíam a “prata da casa” transformou-se no mais tóxico metal – chumbo de alta pureza – para o executivo socialista: em maio, acabou com sete anos de convivência saudável de São Bento com Belém e, no início de novembro, foi um dos causadores do pedido de demissão do primeiro-ministro. “Conclusões” duras, portanto.