Jogar pelas alas é um estilo que, no futebol, passa por anular o passe de bola, pondo os jogadores, através das laterais, a abrir buracos na defesa adversária. Talvez fruto do tempo que levou a estudar essa estratégia, que um dia poderia vir a adotar no momento em que conseguisse disputar a liderança do PS, Pedro Nuno Santos foi rápido (e muito mais eficaz) a pô-la em prática na corrida à sucessão de António Costa, que disputa com José Luís Carneiro. O Pedro Nuno que, há cerca de dez anos, afirmava que havia uma “ala de direita” sobrerrepresentada no partido, então liderado por António José Seguro, é o mesmo que provocou uma enorme brecha (e muita desorientação) nesse setor moderado, ao convencer um dos seus rostos mais simbólicos, Francisco Assis, a acompanhá-lo na corrida à liderança do PS – aberta com a marcação das legislativas antecipadas para 10 de março.
Todavia, com esse gesto, a que o País assistiu na última segunda-feira, não ficou colocada definitivamente uma pedra sobre a desconfiança com que aquela importante massa militante olha para a proximidade que o ex-governante mantém com as teses bloquistas e comunistas. E a verdade é que esse sentimento não está a deixar de provocar surpresas no arranque deste embate, que terá o seu desfecho a 15 e 16 de dezembro – data das eleições diretas. Os casos dos ex-ministros Capoulas Santos e Jorge Lacão e o da vice-presidente da bancada parlamentar do PS, Susana Amador, que decidiram apostar em Carneiro (apesar de, em 2014, terem estado ao lado de Costa contra a linha “mais à direita” de António José Seguro), aí estão para comprovar os anticorpos que este “centrão” tem em relação àquele que foi um dos pivots da Geringonça, enquanto secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares.